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Lançamento do livro “O Esférico Mundo da tia Loló”

Ilustrado pela artista visual Tatiana Blass e publicado pela editora Chão da Feira, o livro apresenta temas como o protagonismo feminino, a maternidade, o universo fantástico das crianças e o incentivo a artistas mulheres

o dia 28 de outubro, acontece, na Quixote Livraria, em Belo Horizonte, das 14h às 16h, o lançamento do livro ilustrado “O Esférico Mundo da tia Loló”, da autora Sara Pinheiro. O livro conta, por meio de jogos de rimas e imagens poéticas, a história de uma menina que um dia escuta algo inusitado: “tia Loló veio de outro planeta!”. Muito curiosa, ela, então, vai atrás de pistas para descobrir que planeta é esse. Durante o percurso, a menina descobre que existe um tal mundo esférico cheio de surpresas. Através da perspectiva da criança, “O esférico Mundo da tia Loló” traz como temas o protagonismo feminino, o incentivo a artistas mulheres e os diferentes mundos que existem dentro das personagens. Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Para a ilustração do livro, Sara Pinheiro convidou a artista visual Tatiana Blass, ganhadora do Prêmio PIPA (2011), autora e ilustradora do livro “A Família Mobília” (Cosac Naify/ SESI- SP Editora). As imagens do livro “O Esférico Mundo da tia Loló” foram construídas com a técnica de recorte e colagem de silhuetas com iluminação em backlight. O livro será publicado pela editora Chão da Feira, com acompanhamento editorial de Carolina Fenati e projeto gráfico de Luísa Rabello.

Sara Pinheiro conta que a inspiração para escrever vem de lugares diferentes: “Eu lembro que quando tive a ideia do livro, minha filha era pequena. Antes da pandemia, já me veio a premissa de escrever o livro do ponto de vista dessa criança, que escuta que a tia Loló veio de outro planeta e fica muito curiosa em saber que planeta é esse”. Sara conta que, a partir dessa ideia, aconteceram várias voltas até o livro se transformar no que é hoje. “Com a questão da maternidade, existe uma proximidade grande com a infância e o acompanhamento das fases dos filhos. E as brincadeiras, como gostar de ser detetive, por exemplo, que foi uma fase pela qual minha filha passou e até hoje tem curiosidade, essa coisa meio cientista de experimentar o mundo, enfim, a maternidade me deu muito entusiasmo para escrever”, diz.

Segundo a autora, outra referência é a canção “Reconvexo”, escrita por Caetano Veloso para a sua irmã Maria Bethânia, que a fez pensar muito sobre o côncavo e o convexo, que tem a ver com a esfera. “As pessoas são esféricas e também são complexas. Essa foi uma inspiração que veio na época do golpe jurídico-midiático, como o aparecimento dos terraplanistas, por exemplo. Acho que as inspirações que nos tocam nascem das percepções, da gente se atentar ao mundo e entender se temos um interesse real interno que liga essa percepção externa àquilo que nos motiva”.

Graduada em Letras, Sara Pinheiro explica que na metade do curso resolveu fazer teatro no Cefar-MG e, de alguma forma, achou que a dramaturgia também foi um encontro para essa experiência. “Eu sempre tive interesse pela literatura e por isso fui para a Letras. Profissionalmente meu foco é na dramaturgia, mas eu sempre tive interesse pela escrita e também pela poesia e, vira e mexe, é um lugar para onde eu costumava voltar, mas de uma forma amadora. Há um tempo eu também tive uma experiência na escrita audiovisual para roteiro e então fui experimentando outros lugares da linguagem”, conta.

Em 2017, Sara Pinheiro participou de um projeto que ganhou o prêmio literário do Estado de Minas, sendo vencedora do troféu “Jovem Escritor Mineiro”, que é um projeto de romance intitulado “Membro Fantasma”. A partir daí, a autora voltou a se conectar mais com a literatura como um objetivo profissional. “Também estou estudando poesia num curso chamado Curso Livre de Preparação para Escritores da Casa das Rosas, em São Paulo, e estou achando bem interessante”, informa.

Ilustração

A artista visual Tatiana Blass, ilustradora do livro “O Esférico Mundo da tia Loló”, diz que as imagens do livro foram construídas com a técnica de recorte e colagem de silhuetas com papéis coloridos translúcidos e papéis estampados e da colagem, fotografados com iluminação em backlight.

De acordo com ela, a imagem não deve ser uma redundância do texto escrito, mas sim ampliar o universo das histórias, principalmente na primeira infância ou quando as crianças estão começando a ser alfabetizadas. Nessas fases o universo imagético das crianças é muito pulsante e as ilustrações podem enriquecer a linguagem escrita. “No meu primeiro livro, ‘A Família Mobília’, a história partiu das imagens, uma vez que a ideia inicial surgiu de um projeto de performance. Eu acabei criando essas personagens e dali foi brotando a história desta publicação, em que as pessoas iriam vestir roupas, móveis e outros objetos”, explica.

Tatiana diz que sempre teve um encantamento grande por livros infantis. “Desde criança eu tinha alguns desses livros com histórias contadas só por imagens ou então livros-objetos ou livros-brinquedo, que extrapolam a linguagem verbal e fazem uso contundente da materialidade da publicação. Acredito que os livros infantis talvez sejam o único nicho em que isso aconteça bem fortemente. Talvez na poesia concreta se buscou esse lado também”, comenta.

A autora conta que se interessa em lidar com um lugar mais onírico, mais fantástico da literatura infantil. “Esse imaginário busca ampliar ainda mais esse universo fantástico que já é tão vasto nas crianças. Desse mundo faz de conta, desse ponto de partida para reverberar muito mais na imaginação”, acrescenta.

Audiolivro  

A publicação terá também versão em audiolivro, elaborado de maneira poética pelo Grupo Serelepe, num processo de tradução das imagens visuais para as imagens sonoras, garantindo assim a fruição do público infantil deficiente visual. A versão em audiolivro será disponibilizada gratuitamente na internet. Já o livro impresso terá 500 exemplares, sendo 30% destinados a doações.

Durante o processo de escrita, a autora Sara Pinheiro realizou dois encontros nos centros culturais Jardim Guanabara e Vila Marçola, respectivamente, para leitura do manuscrito para o público infantil. Essa etapa do projeto teve a participação de Raysner de Paula, dramaturgo e professor, que há 10 anos leciona e atua em projetos artísticos e pedagógicos voltados para crianças. Também integrou a equipe Maria Mourão, produtora cultural há mais de 15 anos, que recentemente vem trabalhando em projetos de produção editorial.

Protagonismo feminino e estímulo a artistas mulheres

Em “O esférico mundo da tia Loló”, a criança-narradora é uma menina curiosa. Ela sonha, primeiramente, em ser detetive, e depois, cientista. A personagem de tia Loló, por sua vez, é expansiva, mas misteriosa: parece não se enquadrar nos moldes da família, uma vez que “veio de outro planeta”. Tia e sobrinha se encontram juntas nesse instigante mundo esférico. Levando esse mote em consideração, o projeto se justifica na medida em que as personagens principais são mulheres que ocupam e criam lugares diversos e excêntricos.

Ainda considerando o protagonismo feminino, cabe dizer que o livro foi escrito por uma artista mulher e mãe – o que mais uma vez se faz relevante se pensarmos que as mulheres que se tornam mães encontram grandes empecilhos na continuidade de suas atividades profissionais. Além disso, a equipe é majoritariamente feminina, sendo os cargos principais (autoria, ilustração, revisão, designer e produção) ocupados por mulheres.

Para Sara Pinheiro, a literatura infantil e o seu livro “O Esférico Mundo da tia Loló”, na medida em que trazem personagens mulheres no protagonismo, ajuda a criar um imaginário na criança e também a despertar nelas um processo de identificação. “Então, por exemplo, no processo da criação do livro, eu fui em dois centros culturais junto com o Raysner de Paula fazer uma atividade lúdica teatral com as crianças e, no final desse processo, eu me apresentava, fazia a leitura do livro. Também acho que, na ilustração, o fato de ser também uma mulher como ilustradora vai ajudar a desenvolver esse imaginário das crianças”, ressalta.

Acesso e inclusão

Com o advento das redes, vê-se despontar novos formatos de livros: audiolivros, literatura digital, livros digitalizados etc. Tais formatos, pela sua tecnologia, trazem uma vantagem: a facilidade no compartilhamento e acessibilidade. Pensando nisso, este projeto mais uma vez se justifica, na medida em que também propõe como produto final, além dos exemplares impressos, uma versão em audiolivro – a fim de se facilitar a circulação de “O esférico mundo da tia Loló” e possibilitar a fruição da história especificamente pelo público infantil deficiente visual.

Mini-bio de Sara Pinheiro

Sara Pinheiro é formada em Letras pela UFMG e técnica em Teatro pelo Cefar- MG. Há mais de 10 anos se dedica à dramaturgia, tendo participado de diversas montagens em Belo Horizonte. Nos últimos tempos, a autora se aventura em outras escritas: foi roteirista do longa-metragem “Canção ao longe” (Festival de Brasília e Festival do Rio) e “Remanso” (em desenvolvimento – Huber Bals Fund). Sara foi contemplada pelo prêmio “Jovem Escritor Mineiro” da Secretaria do Estado-MG com o projeto de romance “Membro Fantasma”. Atualmente, a autora estuda roteiro na Roteiraria e faz parte do CLIPE- Poesia (curso de preparação para escritores, na Casa das Rosas, em São Paulo).

Mini-bio de Tatiana Blass

Formada em Bacharelado em Artes Plásticas pela Universidade Estadual Paulista, Tatiana Blass realiza pinturas, vídeos, esculturas e instalações. Começou a desenvolver seu trabalho em 1998, quando passou a participar regularmente de salões, mostras em ateliês, exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Participou da 29ª Bienal Internacional de São Paulo. Foi finalista do prêmio “Nam June Paik Award”, na Alemanha. Também foi contemplada pelo programa “Grants & Commissions”, da Cisneros Fontanals Art Foundation, em Miami. Em 2011, ganhou o Prêmio PIPA pelo voto popular e voto do júri pelo conjunto de sua obra. Escreveu e ilustrou o livro “A Família Mobília” (Cosac Naify/ SESI- SP Editora).

Edições Chão da Feira 

A Chão da Feira nasceu em 2011, em Portugal, com o primeiro texto da coleção Caderno de Leituras, publicação de periodicidade mensal disponível no site da editora, atualmente em seu 165º número. Formada por mulheres e atualmente sediada em Belo Horizonte, a editora possui 24 livros publicados, entre eles dois livros ilustrados: “Os figos são para quem passa”, de João Gomes Abreu e Bernardo P. Carvalho (edição original da Planeta Tangerina), e “A casa do alto”, de Maria Gabriela Llansol, Augusto Joaquim e crianças da Escola La Maison. Entre os autores do catálogo também estão Simone Weil, Gonçalo M. Tavares, Pascal Quignard, Jean-Luc Nancy, Jacques Derrida, Raul Brandão, Maria Filomena Molder, Leonardo Fróes e Hugo von Hofmannsthal. A editora também publica a revista Gratuita, com quatro volumes editados com os temas Cartas para todos e para ninguém, Atlas, Infância e Animais.

SERVIÇO

Lançamento do livro “O Esférico Mundo da tia Loló, de Sara Pinheiro

Data: 28 de outubro, das 14h às 16h

Local: Livraria Quixote – Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi, BH

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