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sáb, 27 abril 24

Mineirão, terça-feira, 8 de julho de 2014 Semifinal da Copa do Mundo 2014

Por Henrico Riani*

Brasil 1 x 7 Alemanha

Público: 58.141
Posse de Bola: 52% x 48%
Passes: 433 (79%) x (82%) 483
Finalizações: 18 x 13
Finalizações ao gol: 13 x 12
Escanteios: 7 x 5
Impedimentos: 3 x 0
Bolas Recuperadas: 46 x 34
Bolas Perdidas: 69 x 76

Brasil: Júlio César, Maicon, David Luiz, Dante, Marcelo, Luiz Gustavo, Fernandinho, Hulk, Oscar, Bernard, Fred.
Felipão.

Alemanha: Neuer, Lahm, Boateng, Hummels, Howedes, Khedira, Schweinsteiger, Müller, Kross, Özil, Klose.
Joachim Löw.

Fatos Históricos:

Uma semifinal de Copa do Mundo, a segunda da história no país do futebol.

O reencontro de duas gigantes seleções após a disputa da final da Copa de 2002

A Seleção Brasileira entra para a partida sem seu principal jogador Neymar, que se contundiu gravemente nas quartas de final. Além disso, entrou sem o zagueiro Thiago Silva que havia recebido seu terceiro cartão amarelo nas mesmas quartas contra a Colombia.

Essa que foi a maior goleada da Copa, também foi a pior derrota da história da Seleção Brasileira, com a diferença se igualando com um 6 x 0 sofrido em 1920 pela Seleção Uruguaia.

Com o gol marcado nessa partida, Miroslav Klose passou Ronaldo Fenômeno e se tornou o maior artilheiro da história das Copas do Mundo com 16 gols marcados em 4 copas diferentes.

A goleada da Alemanha contou com uma sequência incrível de 4 gols em 6 minutos, sendo 2 deles com cerca de 13 segundos de bola rolando de diferença.

A Seleção da Alemanha jogou a partida com seu segundo uniforme que tinha as cores rubro negras. A Adidas, como patrocinadora dos alemães e do Flamengo, fez uma homenagem ao time rubro negro brasileiro e a partida que vai ficar para a eternidade, vai ser sempre lembrada com um toque flamenguista.

Fatos Pessoais:

Estava em Belo Horizonte no dia da partida e um dia antes, descobri o hotel que a seleção alemã estava. Era muito fã do praticamente time campeão da Europa pelo Bayern de Munique então fui até o hotel deles para conseguir uma foto. A segurança do hotel estava muito boa e por isso não consegui chegar até os jogadores, mas eles estavam confraternizando no restaurante do hotel e era IMPRESSIONANTE o número de garrafas da cerveja Heineken na mesa dos jogadores. Chuto mais de 50 garrafas enfileiradas. Não sei se os alemães são mais resistentes, mas levando em consideração o tanto de cerveja na mesa dos jogadores, é bem provável que a seleção alemã jogou aquele jogo de ressaca.

Como era muito fã da Alemanha, comprei um boné da Renner com a bandeira do país cerca de uma semana antes do jogo. O principal jogador alemão para mim era o meio campista Schweinsteiger que usava a camisa 7 na seleção, então comprei o boné com o número 7. Meu pai, ao ver a cena falou que não ia levar o boné pra mim pois “vai que o Brasil toma de 7 por causa desse boné”. Insisti, levei o boné e o final todos sabemos.

Comecei a partida com uma camisa da Alemanha por baixo e uma do Brasil por cima. No primeiro gol da Alemanha “comemorei” sem jeito mas no final da partida terminei chorando sem ambas as blusas. Foi ali que eu aprendi a não torcer por nenhuma outra seleção.

Após o jogo terminar, todos os estabelecimentos de comida do centro de Belo
Horizonte estavam fechados e o único aberto para uma comida após a goleada vergonhosa era o McDonalds. Por morar em Ubá, uma cidade sem as grandes franquias, foi nesse dia e dessa forma que eu comi pela primeira vez o fast-food mais conhecido do mundo.

Nota Final:

Esse jogo tem muito mais camadas do que apenas tática e números, mas vamos falar deles também. Uma semifinal que Copa do Mundo nunca é uma linha contínua. O tamanho deste jogo para um jogador e uma nação faz com que essa linha se ramifique e traga elementos de todos os aspectos da sociedade para dentro das quatro linhas.

Falando primeiro sobre a tática e os elementos como escalação, o Brasil teve que se reinventar ao perder dois de seus principais jogadores de forma trágica nas quartas. Thiago Silva tomou um amarelo que, na minha opinião, o árbitro pegou pesado e não tinha necessidade e Neymar com uma lesão que quase acabou com sua carreira. Para suprir essas duas faltas, Felipão escalou Dante e Bernard o que gera até hoje críticas para o técnico. Dante era uma opção praticamente única para repor Thiago Silva, mas Bernard poderia ter sido substituído por William, Paulinho, Jô ou talvez a melhor opção para mim que reassisti, mais um volante com Ramires.

E isso porquê nos primeiros minutos de 0 x 0 ou até um pouco depois do primeiro gol, já conseguíamos ver falhas e aberturas na defesa que originariam os gols. A Alemanha, chegava com facilidade não pela zaga, culpa do David Luiz ou Dante como muitos colocam. O culpado dessa história é o Felipão que deixou Luiz Gustavo sozinho atrás para lidar com Özil, Kross e Müller no meio campo de ataque alemão e adiantou Fernandinho. Bernard que tinha 21 anos parecia bem nervoso ao longo da partida, mas era perceptível a vontade que ele estava de jogar.

Com todas essas falhas ainda sim o Brasil conseguiu chegar 3 vezes antes do gol aos 11 minutos da Alemanha. Um trabalho de pressão constante manteve o Brasil muito com a bola no começo e permitiu Marcelo dar um chute ao gol, uma bola bem enfiada para Hulk e um escanteio com menos de um minuto de jogo. Quando o Brasil leva o primeiro gol do jogo, os jogadores se motivam e, minutos depois continuam no ataque tentando o empate. Mas após o segundo gol, uma desatenção cai sobre todo o time brasileiro e tomamos os incríveis 4 gols em 6 minutos. 6 minutos de desatenção, de apagão em todo time custaram o maior vexame que já passamos como seleção.

Apesar de claramente tardio, o trabalho de recomposição mental da seleção foi um milagre. Se continuássemos da mesma forma que entre os fatídicos 23 e 29 minutos do primeiro tempo, nós teríamos levado claramente mais gols. Após um apagão é difícil voltar aos trilhos, mas a seleção conseguiu se segurar, botar a cabeça no lugar e brecar esse momento fulminante que os alemães aproveitaram de nossas falhas.

O segundo tempo do Brasil mostrou que conseguiríamos jogar sim de igual pra igual contra a Alemanha, claro que 7 contratempos da Alemanha impediram a vitória do Brasil, porém o Brasil não fez um péssimo trabalho no ataque. Manuel Neuer fez pelo menos 4 defesas difíceis que impossibilitaram qualquer reação brasileira, o que mostra que esse jogo é muito diferente do que muitas pessoas imaginam. Além disso eu enxerguei um pênalti não dado a favor do Brasil no segundo tempo, mas não que isso iria resolver e ajudar em algo.

Ao contrário do que muita gente fala, não acho que a Alemanha “tirou o pé para não humilhar o Brasil em sua casa”, já que o segundo tempo foi jogado praticamente da mesma forma que o primeiro, com o Brasil com a posse e tentando suas jogadas sem eficiência no último passe ou chute. Os alemães não são máquinas e, correndo o que correram no primeiro tempo iriam cansar no segundo, coisa óbvia dentro do futebol que ocorre em quase todo jogo independente do resultado.

Acho que dizer que tiraram o pé é mais uma forma de tentar diminuir a seleção sem saber o que está falando. A possibilidade de uma reação já era minúscula após perder o primeiro tempo por 5×0, mas a cada minuto que passava a ficha iria caindo cada vez mais e o desânimo também. Esse pra mim foi o motivo dos dois gols marcados pelo iluminado Andre Schürrle na segunda etapa.

Olhando unicamente para as estatísticas e os números do jogo, sinto que são traiçoeiros mas muita gente esquece dele quando vão criticar a Seleção Brasileira ou exaltar a Alemã. Numa partida onde os brasileiros tiveram mais posse de bola, mais finalizações e finalizações certas, mais escanteio, mais divididas ganhas e menos bolas perdidas, a seleção canarinho é muito injustiçada pela sua atuação nessa semifinal de copa.
Mas sim, os números são muito subjetivos quando vamos falar de futebol, já que citei tantas coisas que o Brasil liderou sobre a Alemanha mas ao final no placar perdemos de maneira histórica e vergonhosa.

Mas se não acho que o Brasil pecou 100% no futebol jogado, como perdemos uma partida desse tamanho dentro de casa ? A Seleção Brasileira de Futebol perdeu para a Alemanha no psicológico. Eu não consigo imaginar como estava o vestiário brasileiro no intervalo perdendo de 5 x 0. Olhar para as arquibancadas e ver gente chorando, te xingando ou em completo choque por você não representar elas bem, abalaria até o coração mais frio.

Apesar de não ser a seleção mais forte em campo, essa mesma seleção tinha ganhado da atual campeã do mundo um ano antes de 3 x 0 na Copa das Confederações, o que mostra que tínhamos potencial como grupo e tínhamos o fator casa ao nosso favor. Mas só de não ter seu principal jogador que é o cara que leva o time, que quando fôssemos precisar assumiria a responsabilidade, a seleção já entra abalada. Thiago Silva que seria o melhor zagueiro do mundo pela FIFA no mesmo ano também é um desfalque tremendo ainda mais na liderança da equipe, já que era o capitão da seleção desde o começo da Copa.

Toda essa nota e minha visão serve pra que ? Eu apenas tirei o peso das costas do jogadores, julguei quem critica uma seleção que levou de 7×1 e botei a culpa desse vexame no psicológico abalado dos jogadores ? Não. Essa pulga atrás da orelha surgiu quando fui pesquisar as estatísticas esperando um amasso completo da Alemanha e me deparei com uma superioridade brasileira. Assisti o jogo para tirar minhas próprias conclusões e ver com um olhar crítico que eu não tinha na época da partida, e percebi o real déficit da seleção nesse jogo tão marcante.

A Alemanha era um grande time completo, uma seleção com um técnico renomado e longevo na seleção o que só colabora para a grande copa e o título na final. E ao contrário disso o Brasil estava com um técnico contestado, uma seleção fraca para os padrões brasileiros e jogando uma copa conturbada dentro de casa, ou seja tinha sim uma grande diferença antes mesmo da partida começar entre os dois elencos.

Talvez o Brasil estivesse fadado a esse fracasso e, independente de escalação, técnico ou apagão nós iríamos perder esse jogo pela disparidade dos futebóis. Mas a minha mensagem é que apesar de triste, convido a assistir o jogo novamente como eu fiz e analisar esses pontos colocados acima.

O mundo funciona assim desde que é mundo então nunca iremos saber o que aconteceria com Neymar e Thiago Silva no jogo, se Felipão tivesse escalado o Ramires, se Müller tivesse furado no escanteio ou se Neuer não fosse a muralha no gol da Alemanha, mas a única coisa que podemos fazer é imaginar e sonhar.

Para mim, a seleção do Brasil podia ser a pior dos últimos anos, mas jogando em casa, com foco 100% do tempo e com seus principais jogadores em campo tenho certeza que bateríamos de frente com a mesma Alemanha e até com a Argentina na possível final.

  • Henrico Riani, Ubaense de nascimento, belorinzontino de coração, acadêmico em Jornalismo pela PUC/MG, flamenguista e amante da música e do esporte.

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