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Bloco Afro Magia Negra realiza Arrastão N’Goma Caboclo Bantu

Arrastão homenageia Djalma Corrêa e relembra e retoma memórias de conexão afro-indígena no Carnaval da cidade no bairro Concórdia, localizado na Pequena África de Belo Horizonte (MG)

No dia 5 de março, quarta-feira de cinzas, o Bloco Afro Magia Negra vai se expressar na Praça Gabriel Passos, no bairro Concórdia, a partir das 12h. Uma reunião de códigos sonoros pertencentes a vozibilidade dos Tambores entoaram o tema Arrastão N’Goma Caboclo Bantu.Fusion. O local onde acontece o ritual designer já é popularmente conhecido como “Praça do Magia”, e foi escolhido por integrar o território compreendido como parte da “Pequena África” da capital mineira.

Neste ano, o bloco homenageia o multi mestre dos tambores falantes afro diaspóricos e pesquisador Djalma Corrêa, reconhecido por seu trabalho na valorização das matrizes dos idiomas instrumentais afro-indígenas. “Nossa missão é manter viva essa herança cultural, celebrando as conexões biológicas e culturais entre os africanos e os povos originários do Brasil, explica Camilo Gan, coordenador do bloco.

A homenagem a Djalma será entregue para seu filho Caetano, que receberá o OPARUN! uma escultura que remete a um cajado feito de bambu. A peça foi confeccionada pelo mestre Lúcio Ventania. A palavra “OPARUN!” significa “cajado de Bambu” que dentro da filosofia yorùbá, é uma planta que ensina ao homem que a melhor forma de reagir às tormentas, é tendo flexibilidade e demonstra sabedoria, ao usar de maleabilidade diante dos problemas. “O bambu enverga mas não quebra, e essa homenagem vai de encontro às pessoas que envergaram mas não quebraram no combate ao racismo”, elucida.

Como de tradição, o desfile do bloco inicia com as entregas do OPARUN! com homenagens simbólicas a grandes personalidades por suas contribuições afro epistemológicas e culturais na luta anti-racista da cidade e do Brasil. Também estão entre os premiados Mameto Enbanda, e Maurício Tizumba. A condução das homenagens é feita pela mestre de cerimônias Sandrinha Flávia, que contarão com apresentações dos os mestres do sopro Clarins da Bahia (Salvador) e OMO AÑA BRASIL (Tambores Batá de Cuba).

Em seguida é a vez de Camilo Gan e o Samba de Terreiro convidar Gil da Viola da Bahia, Samba de Kilombu e Herança Ancestral. Também integram a programação as YIAMINAS: Organização umbilicalmente ligada ao Bloco Afro Magia Negra, reúne mulheres do reinado mineiro e nações do candomblé do Brasil em Minas Gerais que tem como líder, a Ekedy Kely, pertencente a comunidade do bairro Concórdia – BH.

Arrastão N’Goma Caboclo Bantu.Fusion

O Arrastão N’Goma Caboclo Bantu.Fusion traz a força de saber da nossa própria força, na vibração dos tambores que acorda e magnetiza os participantes a uma experiência de celebração e conexão. A corpo oralidade escreve e ocupa um papel central, expressando, por meio de desenhos corpóreos, a tradução das sonoridades dos tambores expressadas na escrevivência performática. “A corpo oralidade no nosso arrastão não é apenas um movimento estético. Cada passo carrega um acontecimento do antes ou agora. É uma celebração que envolve a química da ativação da melanina, vibrando ancestralidade”, acrescenta Camilo.

O bloco incorpora a narrativa do ritual designer, um conceito que estrutura a performance do bloco como uma narração de acontecimentos. O arrastão revive o momento em que o TATA N’GOMA desperta a importância de ouvir os ensinamentos de ZAMBI. Estas são palavras do Idioma Quimbundo, pertencentes ao tronco linguístico Bantu. N’goma significa tambor, e Zambi faz referência ao Supremo ser primordial dos bantus (povos). Tata significa pai, e Tata N’goma é o pai do tambor, o que faz o tambor falar.

Ao longo do percurso, mestres e artistas convidados guiarão o público em uma avalanche afro global pelas ruas do bairro Concórdia. Entre os mestres convidados para a Arrastão estão o Mestre da Corpo Oralidade Djembefola da República da Guiné, Djanko Camara (África); o artista mineiro com mais de 20 anos de carreira Johnny Herno; e os mestres n’goma Rafael Leite, Carlinhos Ferreira, e Babilak Bah (Paraíba).

Mais do que uma manifestação carnavalesca, o arrastão se consolida como um movimento de reafirmação da fusão entre a cultura negra e indígena.

Bloco Afro Magia Negra

O Bloco Afro Magia Negra foi criado em 2013 na cidade de Belo Horizonte – MG, pelo artista plural e mineiro Camilo Gan partindo da atitude de reunir pessoas comprometidas no enfrentamento ao preconceito étnico-racial relacionado ao povo de pele negra. O principal objetivo do bloco é promover a afrobetização por meio da cultura negra, com o intuito de desfazer feitiços racistas. A banda de rua do bloco atualmente é composta por 80 membros divididos entre músicos dos tambores, instrumentistas de sopros e dançarinas (os). Ela se manifesta por meio de um ritual designer, trazendo elementos característicos do segmento de blocos afros. Que vem envolvendo e arrastando o público em cortejos, por meio de toques de tambores ancestrais, clarins, dança, água de cheiro (aromas) e banho de pipoca (saúde e sabores).

Conheça Djalma Corrêa, o homenageado em 2025

Djalma Corrêa é um dos percussionistas mais importantes do Brasil, com uma profunda pesquisa sobre a conexão entre os ritmos africanos e brasileiros. Natural de Ouro Preto, iniciou sua carreira em Belo Horizonte e consolidou sua trajetória na Bahia, onde estudou música eletrônica com Hans-Joachin Koellreutter e Walter Smetak. Criou o grupo Baiafro e colaborou com artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Com um vasto acervo documental, Djalma deixou um legado essencial para a percussão e a memória da cultura afro-brasileira.

Classificação: Público

SERVIÇO:

Bloco Afro Magia Negra – Arrastão N’Goma Caboclo Bantu.Fusion

Data: 5 de março de 2025

Horário: 12h

Local: Praça Gabriel Passos – Bairro Concórdia (Rua Itararé, 96)

Instagram: @blocoafromagianegra

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