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seg, 17 novembro 25

BUFONA’S invadem as ruas de BH com deboche e inovação

Um bando de bufonas expulsas de seu lugar de origem invadem a cidade. Esta é a premissa do espetáculo “BUFONA’s”, com direção da atriz Joyce Malta, que cumpre temporada de estreia nos finais de semana 7 e 8, 14 e 15 de dezembro, em três regionais de Belo Horizonte. A peça é resultado de um laboratório continuado de bufonaria desenvolvido ao longo do segundo semestre de 2024 e realizado pela plataforma de investigação cênica “Mulher que Bufa”. As apresentações são gratuitas e todas elas contam com tradução em libras.

Em “BUFONA’s”, nove artistas selecionadas por meio de convocatória aberta: Ana Bento, Débora Guimarães, Elisângela Souza, Kelly Spínola, Lissandra Guimarães, Mar Marïelle, Marina Viana, Paloma Mackeldy e Tamira Mantovani, experimentam as ferramentas investigadas durante o processo.  A equipe é formada também por Nina Caetano na dramaturgia, laboratório de caracterização por Sol Zofiro, preparação vocal e canto em coro por Black Josie, regência de sonoridades de Dani Milena, preparação corporal Ariene Reis e gestão do projeto e produção Maria Mourão, entre outras profissionais.

Após anos comendo lixo, vivendo de restos, sobrevivendo à margem com suas filhas e filhos, este bando invade a cidade e volta para “dizer a verdade”, provocar e rir. O espetáculo performático conta com uma forte construção visual – grotesca e sublime – e um tom cômico, irônico, que busca na relação de jogo com o público, criar momentos de cumplicidade e deboche.

“O laboratório de bufonaria é um processo de investigação e experimento desta linguagem, ainda pouco aprofundada por aqui. E ele segue até o encontro com o público, onde testaremos as criações e ferramentas que cada bufona investigou. Partimos de estudos, exercícios e técnicas que fazem parte da linguagem da bufonaria e aos poucos cruzamos com os desejos de denúncia que cada atuante trouxe consigo”, comenta Joyce Malta, que além da direção, assina a idealização deste projeto.

Questões políticas, raciais, sociais e ambientais também atravessam o espetáculo, a partir de provocações sugeridas pelas próprias atuantes. “A bufona anda em bando como estratégia de sobrevivência. Não me interessa um teatro que se leva tão a sério. Espero que as pessoas se divirtam e possamos rir do ridículo que é o ser humano”, diz a diretora.

Os figurinos e objetos cênicos do espetáculo são feitos e pensados a partir de materiais reaproveitados, que não possuem mais utilidade na sociedade, mas também por elementos da natureza. “Desde o início do projeto, nossa ideia é reaproveitar materiais existentes, evitando assim o desperdício, em busca de uma relação mais harmoniosa com o meio ambiente, e criando corpos  que geram imagens de composição com a rua, a partir destes elementos”, finaliza Joyce Malta.

O projeto BUFONA’s envolve ainda a criação de três episódios de podcast com convidadas mulheres abordando temáticas que atravessam o espetáculo. A primeira edição, a ser lançada em breve nas plataformas digitais de streaming, teve a participação de Tantinha, raizeira do Ervanário São Francisco de Assis, que conversou sobre alimentação integral e o uso das plantas como prevenção e cura de doenças. Outras duas convidadas também participarão dos podcasts e serão anunciadas em breve.

Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, através do patrocínio da MGS – Minas Gerais Administração e Serviços S.A e apoio da FUNARTE MG.

MULHER QUE BUFA

É um espaço de invenção de espetáculos, filmes, performances, espaço e festival . A plataforma pensa como seria uma bufona nos tempos atuais. Como é a bufona brasileira de hoje? E como esta se relaciona com os dispositivos da atualidade? Como as tecnologias ancestrais e de agora se cruzam na criação de obras autorais? Cada apresentação/performance é pensada a partir do seu local de criação, bem como em relação ao espaço que se apresenta, buscando criar pela relação do agora.

Esta plataforma de investigação é pensada a partir de uma relação harmoniosa com a natureza, sabendo que somos parte dela. Neste sentido, para qualquer ação tomada é avaliado o impacto ambiental, como a utilização de materiais sustentáveis nas cenografias (como o bambu, luz solar, reutilização de materiais). Os trabalhos também apresentam estas temáticas, para discutir questões urgentes, numa busca de experimentar “ideias para adiar o fim do mundo”, como nos provoca Krenak.

Além disso, pensar obras de fácil mobilidade e com soluções sustentáveis criativas. A bufonaria, parte central desta plataforma, fala sobre as pessoas excluídas, sobre a parte esquecida da pirâmide, aquela que sempre esteve atrás na corrida.  É a partir deste lugar que partem as diversas criações apresentadas. Trabalhos já criados: o solo Mulher que bufa, com atuação de Joyce Malta, o curta-metragem “De quatro”, filmado em julho de 2024, com produção executiva da Anavilhana e em fase de montagem e o espetáculo de rua BUFONA’s.

JOYCE MALTA

Desenvolve trabalhos em teatro, cinema, discotecagem, performance e intervenção urbana. Formada como atriz pelo Teatro Universitário – UFMG em 2005, estudou na Ecole Philippe Gaulier na França de 2017 a 2019, onde foi aprofundar sua pesquisa em bufonaria e na Escola Livre de Cinema de Belo Horizonte em 2004. Pesquisa bufonaria e desde 2019 trabalha com a Mulher Que Bufa, que parte do teatro e se desdobra em outras linguagens, como vídeo e podcast. Em 2022 dirigiu o espetáculo ‘Três fadas moribundas’ que se apresentou em todos os Cersans e em Centros de Convivência de Belo Horizonte. Integrante do Obscena Agrupamento, que realiza desde 2007 intervenções urbanas, performances e oficinas. Fundadora da Casa de Passagem, plataforma criadora da Gruta! Espaço de arte, realiza criações em rede com diferentes artistas desde 2000, tendo participado de movimentos como a Central de Produção Compartilhada e Circuito OFF de teatro, bem como realizado diversas oficinas para grupos de mulheres em situação de vulnerabilidade social ao longo dos anos.

NINA CAETANO

É pesquisadora da cena contemporânea, performer e ativista feminista. Com seu estágio pós-doutoral atualmente em andamento no PPGAC-UFBA, é Doutora em Artes Cênicas pela ECA-USP. Como Professora Associada na UFOP, atua nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Artes Cênicas e no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas. No PPGAC – IFAC/UFOP atua na Linha de Pesquisa Processos e Poéticas da Cena Contemporânea, com os seguintes interesses de pesquisa: Teatro e Performance; Performance e Gênero; Práticas Cênicas Liminares e Textualidades Cênicas Contemporâneas. Tendo como eixo central da sua pesquisa as relações estético-políticas entre performance e gênero, ela coordena, desde 2013, o NINFEIAS – Núcleo de INvestigações FEminIstAS (CNPq). Como artista-pesquisadora, realiza diversas ações, sejam oficinas, orientações de processos de criação e projetos de pesquisa, conversas ou trabalhos artísticos.

SERVIÇO

Espetáculo BUFONA’s

Dias: 07, 08, 14 e 15 de dezembro de 2024

Horário: sempre às 17h

Dia: 07/12/2024

Regional: Pampulha

Endereço de Referência: Rua Flôr de Júpiter, 47 – Bairro Liberdade

IMPORTANTE: os endereços dos locais das apresentações dos dias 08, 14 e 15 de dezembro serão informados pelo Instagram da plataforma Mulher que Bufa @mulherquebufa

Mais informações: instagram @mulherquebufa

Cenario Minas
Cenario Minashttps://cenariominas.com.br
Revista Cenário's ou (Portal Cenário Minas) é uma revista digital de variedades que destaca a vida na capital nas suas mais diferentes vertentes: sociedade, comportamento, moda, gastronomia, entre outros temas. A publicação digital se notabiliza pela absoluta isenção editorial e por praticar um jornalismo sério, correto e propositivo, cuja credibilidade e respeito ao leitor são seus apreços primordiais.

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1 COMENTÁRIO

  1. Joyce Malta e Nina Caetano, vocês são ativistas maravilhosas e já fazem parte da história do teatro belorizontino e brasileiro! Parabéns!!!!

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