Considerada a série editorial mais duradoura do país dedicada a retratar uma cidade, coleção lança seu mais recente livro, “Colégio Marconi”, de Luiz Vilela, e anuncia novos títulos para 2025; evento acontece no dia 10/12, no Teatro Francisco Nunes
Nascida com o objetivo de resgatar a crônica literária para narrar histórias sobre bairros e outros lugares afetivos para os moradores, a coleção “BH. A Cidade de Cada Um”, da Conceito Editorial, se consolidou como uma das principais referências para a memória coletiva de Belo Horizonte. Ao completar duas décadas neste ano, a série chega ao 40º título, “Colégio Marconi”, de Luiz Vilela, e prepara novos lançamentos para 2025.
No próximo dia 10/12, terça-feira, a coleção celebra o sucesso da iniciativa em uma festa no Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, a partir das 18h30, com lançamento de livro, relançamento de obras anteriores, leitura de textos e presença de autores e profissionais que contribuíram com o projeto desde o início. A ideia é justamente promover um grande congraçamento em torno de um projeto que a cidade abraçou desde o início.
Na ocasião, além do inédito “Colégio Marconi”, serão lançadas novas edições de três obras anteriores: “Carmo” (2008), de Alberto Villas; “Morro do Papagaio” (2009), de Márcia Maria Cruz; e “Serra” (2012), de Nereide Beirão. Estes livros, lançados há mais de 10 anos, foram revistos e atualizados pelos autores, trazendo mais informações para os leitores.
O evento de celebração dos 20 anos da coleção “BH. A Cidade de Cada Um” é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura.
“BH. A Cidade de Cada Um”
Idealizada pelos jornalistas José Eduardo Gonçalves e Sílvia Rubião, a coleção “BH. A Cidade de Cada Um” estreou em 2004, com uma inspiração principal: aumentar o sentimento de pertencimento do belo-horizontino a locais marcantes no imaginário coletivo, como bairros, praças e escolas, que ainda eram carentes de registros literários, capazes de unir as relações afetivas aos contextos históricos, em linguagem leve e divertida.
Os três primeiros títulos reverenciam uma famosa tríade da cultura mineira: a paixão pela boemia, pela gastronomia e pelo futebol, registrada nas obras “Lagoinha”, do escritor Wander Piroli; “Mercado Central”, do escritor e letrista do Clube da Esquina Fernando Brant; e “Estádio Independência”, do locutor esportivo e radialista Jairo Anatólio Lima.
“Desde o início, a marca da coleção é convidar pessoas com um vínculo afetivo muito grande com o lugar. Brant era um frequentador assíduo do Mercado; Jairo iniciou sua carreira de locutor no Independência, onde narrou partidas da Copa de 1950. E o Wander tem seu universo literário baseado na Lagoinha, uma clássica região boêmia, crescida à margem do centro, e que abrigou os primeiros deserdados da cidade. Wander disponibilizou textos inéditos sobre personagens incríveis do bairro”, diz o jornalista José Eduardo.
Partindo de olhares e lembranças individuais, e sob influências literárias afiadas, os escritores narram sobre lugares, eventos e personagens, sem se restringirem a versões oficiais da história. Ainda que os contextos históricos e os fatos sejam rigorosamente certificados, os livros não se enquadram na categoria de registros históricos, mas, sim, de compartilhamento de histórias — captando sentimentos individuais dos autores, mas que se somam à construção da memória coletiva de toda a população.
Isso inclui desde as famosas lendas que circundam o bairro de Venda Nova, como a temida aparição do Capeta na Quadra da Vilarinho, burburinho que rendeu notícia até no jornal americano The New York Times na década de 1980, e é contado pelo historiador Bruno Viveiros; até relatos curiosos sobre os moradores ilustres do bairro Floresta, narrados pelo professor de literatura Carlos Junqueira Maciel, incluindo histórias sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade e também sobre o sambista Noel Rosa, que viveu uma temporada no bairro da região Leste da capital para o tratamento de uma tuberculose, no início dos anos 1930.
“Esse grande mosaico de histórias conta uma parte importante da nossa história. A coleção tem um raio de abrangência amplo: temos bairro tradicionais da região Leste, como Floresta, Santa Tereza e também, no lado oposto da cidade, os bairros Caiçara e Carlos Prates; lugares muito conhecidos, como a Pampulha; e ainda o bairro Campo Alegre, berço do poeta Ricardo Aleixo, que quase ninguém conhecia, até então”, avalia José Eduardo.
Colégio Marconi
O mais recente lançamento da série é a obra do escritor mineiro Luiz Vilela, dedicada ao tradicional Colégio Marconi. Uma das instituições de educação mais tradicionais da cidade, a escola foi construída em 1937, no bairro Santo Agostinho, por imigrantes italianos. Na década de 1970 foi municipalizado, se mantendo como Escola Municipal Marconi até os dias de hoje.
As memórias do colégio são narradas pelo mineiro Luiz Vilela, ex-aluno da escola, e considerado um dos principais contistas do Brasil na atualidade, tendo sido agraciado com o Prêmio Jabuti em 1974 pelo livro “O Fim de Tudo”, lançado em 1973. “A coleção já tinha contado a história de algumas instituições de educação, como a UFMG, o primeiro Colégio Municipal da cidade (que funcionou dentro do Parque Municipal), o Sacré Couer de Marie, e o Estadual Central. Agora, chegamos ao Marconi, outro colégio muito importante. É uma obra narrada pela perspectiva de um jovem que sai de Ituiutaba, no interior, para estudar na cidade grande”, diz José Eduardo.
O livro “Colégio Marconi” foi viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, com patrocínio da empresa MGS.
Próximos lançamentos
A partir de 2025, a coleção “BH. A Cidade de Cada Um” prepara ao menos dois novos títulos: um sobre o tradicional bairro Santa Efigênia e outro sobre o bairro Pindorama, localizado no limite entre Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana. Dois outros títulos também estão em fase avançada de produção: o que aborda o Zoológico, situado na Pampulha, e outro sobre a icônica Praça da Liberdade. “O nosso maior desafio é manter a qualidade dessa coleção, a coerência dos livros, a capacidade que esse projeto tem de sensibilizar as pessoas. E queremos crescer, ampliando essa diversidade”, completa José Eduardo.
A coleção “BH. A Cidade de Cada Um”
Desde setembro de 2004, a coleção “BH. A Cidade de Cada Um” vem construindo a memória afetiva da cidade por meio de textos literários escritos por pessoas de diversas gerações, incluindo professores, historiadores, poetas, escritores, artistas e muitos outros, escolhidos por sua grande identificação com os temas e lugares trabalhados. Publicada pela Conceito Editorial, fazem parte da coleção os seguintes 40 títulos: “Lagoinha” de Wander Piroli; “Mercado Central”, de Fernando Brant; “Estádio Independência”, de Jairo Anatólio Lima; “Rua da Bahia”, de José Bento Teixeira de Salles; “Fafich”, de Clara Arreguy; “Parque Municipal”, de Ronaldo Guimarães; “Praça Sete”, de Angelo Oswaldo de Araújo Santos; “Livraria Amadeu”, de João Antonio de Paula; “Sagrada Família”, de Manoel Lobato; “Pampulha”, de Flávio Carsalade; “Cine Pathé”, de Celina Albano; “Caiçara”, de Jorge Fernando dos Santos; “Carmo”, de Alberto Villas; “Lourdes”, de Lucia Helena Monteiro Machado; “Colégio Sacré Coeur de Marie”, de Marilene Guzella Martins Lemos; “Carlos Prates”, de Humberto Pereira; “Morro do Papagaio”, de Márcia Cruz; “Maletta”, de Paulinho Assunção; “Montanhez”, de Márcio Rubens Prado; “Santa Tereza”, de Libério Neves; “Serra”, de Nereide Beirão; “Padre Eustáquio”, de Jeferson de Andrade; “Centro”, de Antonio Barreto; “Mineirão”, de Tião Martins; “Colégio Estadual”, de Renato Moraes; “Santo Antônio”, de Eliane Marta Teixeira Lopes; “Viaduto Santa Tereza”, de João Perdigão; “Funcionários”, de Maria do Carmo Brandão; “Colégio Municipal”, de José Alberto Barreto; “Renascença”, de Ana Elisa Ribeiro; “Anchieta”, de José Márcio Vianna; “Arraial do Curral del Rei”, de Adriane Garcia; “Campus da UFMG”, de Heloísa Murgel Starling; “Venda Nova”, de Bruno Viveiros Martins; “Barro Preto”, de Chico Brant; “Campo Alegre”, de Ricardo Aleixo; “Cemitério do Bonfim”, de Maria de Lourdes Caldas Gouveia; “Floresta”, de Caio Junqueira Maciel; e o mais recente, “Colégio Marconi”, de Luiz Vilela.
SERVIÇO | 20 anos da Coleção “BH. A Cidade de Cada Um” – Evento de celebração de 20 anos e lançamento do livro “Colégio Marconi”, de Luiz Vilela
Quando. 10/12 (terça-feira), às 18h30
Onde. Teatro Francisco Nunes / Parque Municipal Américo Renné Giannetti
(Av. Afonso Pena, 1.321 – Centro)
Quanto. Entrada gratuita, sujeita à lotação do espaço. Valor dos livros: R$ 40,00
“BH. A cidade de cada um” nas redes