Até 16 de maio, a Cóccix Cia Teatral promove gratuitamente uma Oficina de Máscaras com o renomado mestre Fernando Linhares, professor do Teatro Universitário da UFMG desde 1987 e ex-diretor de grupos como o Galpão, Real Fantasia, Cia Candongas & Outras Firulas, entre outros. A ação faz parte do projeto A Velha Venda Nova – Temporada: Quem Vem Vindo Lá? , uma verdadeira experiência artística multiforme de valorização da memória, da oralidade, dos saberes e das expressões culturais da Regional Venda Nova, em Belo Horizonte.
Além de cinco exibições gratuitas da peça , que aconteceram entre os dias 28 de maio e 1º de junho , o projeto vem apresentando diversas atividades que visam envolver a população local com a história e a singularidade da região mais antiga da cidade. Entre essas ações estão palestras, rodas de conversa e caminhada cercadas pelas ruas da regional. Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte – Modalidade Fundo/2024.
Ao final, 17 ações artísticas e formativas terão sido realizadas em espaços diversos, incluindo duas escolas públicas, o Centro Cultural Venda Nova, o Centro de Referência da Memória de Venda Nova (CRMVN) e o Centro de Vivência Agroecológica Serra Verde (Cevae Serra Verde).
A primeira delas aconteceu nos dias 24 e 30/4, com a palestra Venda Nova: História e Memória , ministrada pelo historiador e escritor Bruno Viveiros, e com a atividade Desmontagem – Espetáculo A Velha Venda Nova , uma espécie de roda de conversa na qual artistas e público conversam sobre os bastidores do processo criativo, dispositivos da dramaturgia, elementos cênicos e escolhas artísticas da encenação que compõem o espetáculo. As ações foram direcionadas ao grupo da terceira idade Traços de União e aos estudantes da Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade (EMCDA), respectivamente. No dia 16/5, as mesmas atividades serão realizadas com alunos da Escola Estadual Getúlio Vargas (EEGV).
Nos dias 5 e 6/5, o Trilhas da Memória levou alunos das duas escolas para uma caminhada encenada entre a Regional Venda Nova e o CRMVN, com mediação do técnico de patrimônio Henrique Willer e performance de artistas do espetáculo. A atividade se repetirá no dia 15/5, com o objetivo de reativar a história viva do território por meio de teatro, música e depoimentos históricos.
Já nos dias 28, 29 e 30/5, o espetáculo A Velha Venda Nova será exibido no Cevae Serra Verde para público exclusivo de instituições parceiras ao projeto.
As exposições abertas ao público serão nos dias 31/5 , sábado (com interpretação em Libras), e 1/6 , domingo, das 16h às 19h, mediante retirada de ingresso gratuito 1h antes. O endereço do Cevae Serra Verde é rua Sebastião Gomes Pereira, 140 – Serra Verde.
Venda Nova: 314 anos de história
Um dos objetivos da temporada 2025 de A Velha Venda Nova é compartilhar com a população um pouco do conhecimento adquirido ao longo do extenso processo de pesquisas e práticas investigativas, que resultou na montagem da peça. Em 2024, o espetáculo fez parte do Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte, mas sua estreia foi em 2023.
“Estreamos a peça quando Venda Nova tinha 312 anos. Mais que uma encenação, ela é uma travessia pela história e identidade de um território. O espetáculo foi criado no Cevae Serra Verde, espaço onde todas as etapas de criação do espetáculo – ensaios, oficinas e dramaturgia – foram realizadas. A montagem foi pensada a partir da arquitetura, da paisagem e da história viva do local, caracterizando-se como uma obra site specific , ou seja, concebida para ser vivida no espaço que a originou”, afirma Rogério Gomes, diretor do espetáculo.
No enredo, diferentes fatos e personagens que marcaram a história da região são apresentados ao público, como o eloquente Padre Pedro Pinto que, atualmente, dá nome à rua principal de Venda Nova. Pároco entre 1924 e 1953, ele foi o primeiro a tirar uma carta de motorista em Minas Gerais. A lenda do Capeta da Vilarinho também não poderia ficar de fora, bem como histórias menos conhecidas como o do programa de rádio da Glória Lopes, as artistas Neide e Nancy, a boate Sóvem, os jogos de futebol dos tempos de Venda Nova, o córrego Vilarinho, entre outros que vão desde o tempo dos tropeiros até os dias atuais.
“Para essa temporada, pensamos em diversas ações que combinam linguagem teatral, intervenção performática, memória histórica e práticas educativas, que contam um pouco sobre a criação e o desenvolvimento da região tricentenária pelo ponto de vista dos personagens Nativos e Ceição”, explica Rogério.
Sinopse
Duas senhoras enraizadas no coração de Venda Nova: Native e Ceição. Pelo que contam, viram muito nessa vida e gostam de prosear, contar histórias, reviver as memórias e aquecer os corações (e os imaginários) de quem toma um gole de respiração, de café, água ou coragem em Venda Nova, na venda delas. As duas senhoras abrem as portas de casa, convidam uma visita para um café, uma trezena, uma festa junina e também para comer, beber e dançar no antigo comércio controlado por elas. Quando juntas, seus gestos brincam de fazer desaparecer as fronteiras entre o passado, presente e futuro. As duas cuidam da clientela, das plantas do quintal, misturam memórias e tecem um belo horizonte enquanto, apaixonadamente, semeiam as histórias de Venda Nova. Carregados pelos palavrórios delas, cavalgamos por séculos e séculos de acontecimentos. Nessa viagem, é possível considerar parte dos homens e mulheres que fizeram dessa região um tanto de mundo rico em lutas, reviravoltas, sonhos, perdas, conquistas, culturas, fé, sonoridades, cheiros, festejos e sabores. Native e Ceição querem que as visitas provem um cadinho de tudo dessa fartura… E ai de quem faz desfeita! Melhor, então, se deixar levar por tudo que essas duas senhoras têm para compartilhar… Suas memórias brincam de reembolsar o mundo e dar novos contornos à vida.
Cóccix Companhia Teatral
A companhia – sediada no bairro Minas Caixa – desenvolve, há 18 anos, pesquisas artísticas e ações culturais nas regiões centrais e periféricas de Belo Horizonte. Realiza espetáculos, oficinas, mostras e festivais municipais e estaduais. Como companhia de teatro político, suas obras apresentam leituras sobre as estruturas sociais contemporâneas, com ênfase em pautas de classes diversas, exceto “minorias políticas”. Suas ações valorizam o trânsito territorial, a formação de público, a descentralização de recursos e a democratização do acesso à arte. Linguagens desenvolvidas: teatro épico dialético, teatro físico, ocupação de espaços não convencionais, máscara teatral e palhaço , além de oficinas externas para práticas pré-expressivas. Repertório: Fronteiras de um sonho (2006/2007), Meu Canto de Graça (2010/2025), Pedaço de Homem (2010/2025), Para se ta mal (2013/2016), A Santa do Capital (2017/2025), A Velha Venda Nova (2023/2025). Projetos e Mostras: Festival Ponta a Pé Cultural (2008–2024), Mostra Puxadinho (2014, 2015, 2019, 2023), Mostra InMinas (2015, 2019). Integra a Cooperativa InMinas de Trabalho de MG e é parceira da Rede de Artistas de Venda Nova.
SERVIÇO
A Velha Venda Nova – Temporada: Quem Vem Vindo Lá?
Diversas atividades até 1º de junho.
Classificação livre.
12/5 a 16/5 | Oficina de Máscaras – 9h às 13h.
Local: CEVAE Serra Verde
15/5 | Trilhas da Memória – 15h às 17h).
Local: Regional Venda Nova
16/5 | Palestra – Venda Nova: História e Memória + Desmontagem – Espetáculo A Velha Venda Nova – 19h às 22h.
Local: Escola Estadual Getúlio Vargas
28, 29 e 30/5 | Espetáculo A Velha Venda Nova – Público fechado – 16h às 19h
Local: Centro de Vivência Agroecológica (Cevae) Serra Verde – R. Sebastião Gomes Pereira, 140 – Serra Verde, BH
31/5 e 1/6 | Espetáculo A Velha Venda Nova – 16h às 19h
Local: Centro de Vivência Agroecológica (Cevae) Serra Verde – R. Sebastião Gomes Pereira, 140 – Serra Verde, BH
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA – LIVRE. ENTRADA GRATUITA. Distribuição de ingressos 60 minutos antes do início do espetáculo. Lotação: 50 pessoas.