Iroko, orixá que rege o tempo, é um dos mais antigos nas tradições religiosas de matriz africana. No início de tudo, Iroko habitava a primeira árvore plantada na Terra e por meio dela os outros orixás desceram do céu. Não à toa algo tão potente como isto foi escolhido pelo cantor e compositor mineiro Alysson para nomear o seu novo EP. Iroko representa na trajetória artística do músico todas as reflexões que o rodearam no caminho de sua relação com a própria ancestralidade e o tempo, em forma de música. Ao longo de cinco faixas, o EP Iroko conta a história da nova fase de Alysson – e chega hoje às plataformas (ouça aqui).
Após ser delineado pelos singles “São Jorge Ogum”, “Borda do Tempo”, “Misere Nobis” e “Fio do Blefe”, apresentados ao longo do ano, o UAIFROBEAT que guia o EP agora apresenta a inédita canção “Águas do Tempo”, que sintetiza os principais conceitos do projeto ao abordar o amor, o tempo e o conhecimento ancestral. “Essa música fala de amor e do tempo, não só como algo linear, mas como uma sabedoria ancestral que permeia o disco”, afirma Alysson.
Iroko, cujo processo de produção começou há dois anos, marca uma fase madura na trajetória do artista. Foi a partir de uma primeira conexão com o produtor musical Júlio Fejuca que Alysson compreendeu que aquela parceria captava tanto a essência de sua música quanto as características que rodeavam os planos futuros de sua carreira. “’Miserere Nobis’ foi a primeira canção que gravamos juntos, e o resultado foi tão impactante que decidimos expandir o projeto e criar o EP”, relembra Alysson. Dando continuidade ao projeto do EP, eles convidaram Ricardo Gama, produtor premiado no Grammy Latino assim como Fejuca – ambos concorrem novamente ao Grammy Latino deste ano. A dupla de produtores, ao lado de Alysson e Willian Navarro, assinam a produção musical do projeto.
Entre o leque de influências, a pluralidade é protagonizada por nomes como Milton Nascimento, Djavan, Gilberto Gil, além de sons contemporâneos de Luedji Luna, Russo Passapusso e Kendrick Lamar. “As minhas músicas saem brutas, mas meu violão e voz sempre indicam o caminho. O Willian, meu grande parceiro musical, participa disso de forma totalmente orgânica e o Fejuca e o Gama souberam lapidar nossas experimentações e ideias com maestria, trazendo uma sonoridade atual”, comenta o artista.
O mote de Iroko aborda o conceito de um tempo não linear, inspirado nas tradições africanas, listando as faixas: “São Jorge Ogum”, uma homenagem do artista à fé, seja aquela que o acompanha desde sua criação católica até quando se conecta às religiões de matriz africana; “Fio do Blefe”, uma reflexão sobre as incertezas e angústias da vida, guiada pelo tom de esperança e conexão com a ancestralidade; e “Borda do Tempo”, em que Alysson versa sobre o lugar dentro de cada um em que se pode lidar com o eu mais íntimo, sendo dono do próprio tempo. “Queríamos que este primeiro EP fosse uma amostra pura do compositor, cantor e multi-instrumentista que sou. Era importante, nesse momento, mostrar o artista Alysson em sua totalidade”, finaliza.