Encontro de Jongo da Serrinha e Caxambu do Salgueiro marca a resistência das duas comunidades mais antigas destes patrimônios culturais brasileiros
Marcado como território de umas das maiores Escolas de Samba do Rio de Janeiro, o morro do Salgueiro, localizado na Tijuca, zona norte carioca, abriga outras tradições culturais da conexão África e Brasil. E neste fim de semana (16 e 17 de novembro), o Caxambu do Salgueiro recebe o Jongo da Serrinha para realização do projeto Encontro de Jongueiros, que acontece desde o início deste ano com a integração de comunidades jongueiras por todo território nacional.
O projeto foi tirado do papel e esse intercâmbio entre as comunidades, que tem o Jongo como matriz cultural e social, já está na sua reta final. A primeira comunidade visitada foi o Quilombo de Santa Rita do Bracuí, seguida de Miracema, Quissamã, Pádua, Arrozal e Mambucaba. O projeto se encerra no dia 01 de dezembro de 2024, com todas as comunidades jongueiras reunidas na Serrinha para a grande festa de reinauguração da Casa do Jongo.
“O objetivo principal do projeto é que futuramente haja uma rotina periódica destas visitas para o fortalecimento político, social e cultural destas localidades que apresentam, cada uma, suas particularidades conforme o contexto que vivem. Vamos começar a nível estadual e futuramente queremos desbravar o Brasil e o mundo, chegando em Angola, local onde o Jongo teve origem”, conta Ivo Mendes, herdeiro da matriarca da Casa do Jongo, a saudosa Tia Maria.
O Coordenador Executivo do Caxambu do Salgueiro, Emerson Menezes conta que o Caxambu é o “avô” do samba e que a sua história é enlaçada a do morro tijucano. “Nós somos um dos primeiros quilombos urbanos do Rio, de famílias majoritariamente pretas. Temos o privilégio de ter ancestrais ainda vivos como a tia Dorinha, nascida e criada na comunidade, hoje com 97 anos que conta para a nova geração como funcionava o Caxambu antigamente, onde as crianças nem podiam participar. É uma maneira de mantermos vivo esse Patrimônio Cultura Imaterial do Rio”, encerra.
Além deste debate, haverá também contação de histórias, um projeto literário que foi inserido nestas visitas para enriquecer a experiência ancestral e cultural das crianças e jovens, feita pelos mais velhos, que irão trazer seus conhecimentos e de seus antepassados para explicarem toda a trajetória cultural do Jongo até os dias atuais.
“Esse projeto mostra o quão próximos nós somos apesar da distância. Aprender com a vivencia de cada comunidade é o que nos faz resistir e manter pulsante a cultura jongueira. As histórias que ouvimos dos mais velhos nos estimulam a dar continuidade na nossa luta”, finaliza Emerson Menezes.
Créditos das fotos: Divulgação Jongo da Serrinha