18.6 C
Belo Horizonte
sex, 04 julho 25

Empresas Precisam Se Preparar para Novas Exigências em 2025

Com a atualização da NR-1, riscos psicossociais como estresse e assédio passam a integrar oficialmente o processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

A partir de 2025, o cenário da gestão de saúde e segurança no trabalho no Brasil sofrerá uma transformação significativa. Empresas de todos os portes serão obrigadas a incluir a avaliação de riscos psicossociais como parte de suas estratégias de proteção à saúde dos trabalhadores. Essa mudança é resultado da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2024, que busca alinhar as práticas brasileiras aos padrões globais de saúde ocupacional.

Riscos psicossociais: uma nova fronteira no ambiente de trabalho

Riscos psicossociais envolvem fatores como organização do trabalho, relações interpessoais e condições que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores. Entre eles, destacam-se metas irreais, jornadas exaustivas, assédio moral, conflitos interpessoais e a ausência de suporte adequado.

Esses fatores, muitas vezes negligenciados, podem desencadear problemas sérios como estresse crônico, ansiedade, depressão e até burnout. O impacto não se limita ao bem-estar dos trabalhadores: “Quando não tratados, os riscos psicossociais geram altos custos para as empresas, como aumento no número de afastamentos, queda na produtividade e maior rotatividade de funcionários”, alerta Edgar Bull, perito judicial e especialista em segurança do trabalho.

O que a atualização da nr-1 traz de novo?

Antes da atualização, a gestão de SST já exigia o controle de riscos no ambiente laboral, mas não abordava explicitamente os riscos psicossociais. Agora, a norma exige que os empregadores identifiquem, avaliem e tratem esses riscos como parte integrante do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

“Essa atualização coloca o Brasil na vanguarda da proteção à saúde mental no trabalho, mas também representa um desafio significativo para empresas que ainda não estão preparadas”, ressalta Edgar. segundo ele, será necessário adotar práticas como a reorganização do trabalho, melhorias na comunicação e a criação de canais de suporte para os funcionários.

Setores sob os holofotes da fiscalização

Com a implementação, setores mais vulneráveis, como teleatendimento, bancos e saúde, serão o foco inicial das fiscalizações do MTE. Os auditores-fiscais terão a missão de analisar não apenas os documentos e processos das empresas, mas também os relatos dos trabalhadores.

“É essencial que as empresas comecem a se adaptar desde já. Esperar até o último momento pode resultar em multas e complicações legais”, alerta Edgar Bull. Ele também reforça a importância de diagnósticos precisos: “Para setores complexos, contar com consultores especializados será uma estratégia essencial para adequação.”

Investimento em consultoria especializada e boas práticas

Embora a norma não obrigue a contratação de psicólogos ou outros especialistas como parte do quadro fixo de funcionários, Edgar destaca a importância de investir em consultorias especializadas. Empresas que contratam profissionais para realizar avaliações específicas e propor soluções personalizadas têm mais chances de cumprir as exigências da norma sem gerar custos desnecessários.

Além disso, práticas como pesquisas de clima organizacional, treinamentos e o fortalecimento de lideranças podem ajudar a prevenir situações de risco. O gerenciamento de riscos psicossociais não é apenas uma obrigação legal; é uma oportunidade para criar ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.

A importância de envolver a liderança

Um dos maiores desafios será engajar líderes e gestores na implementação dessas mudanças. A liderança é peça-chave na identificação e resolução de riscos psicossociais. Sem gestores capacitados, qualquer iniciativa pode ser ineficaz.

Ele sugere que empresas invistam em treinamentos para seus líderes, promovendo habilidades como escuta ativa, resolução de conflitos e gestão empática. Quando a liderança entende os impactos dos riscos psicossociais, as soluções se tornam mais efetivas.

Com a atualização da NR-1, o Brasil dá um passo importante para a consolidação de ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. No entanto, essa mudança requer planejamento, investimento e uma visão estratégica por parte das empresas.

“Gerenciar riscos psicossociais é mais do que cumprir a lei; é uma oportunidade de fortalecer o vínculo com os colaboradores e promover uma cultura organizacional sustentável”, conclui Edgar Bull. A adaptação não será simples, mas os benefícios para empresas e trabalhadores fazem dela um marco essencial na evolução das relações de trabalho no Brasil.

Posts Relacionados

Novidades

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui