Com a participação de diversas autoridades e especialistas, reunião tem o propósito de compartilhar experiências e perspectivas para fortalecer o combate à doença.
Nessa terça-feira (17), a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA) deu início à reunião anual do Programa Nacional de Malária, que acontece em Brasília até sexta-feira (20). O evento reúne autoridades e especialistas para discutir estratégias e desafios na eliminação do agravo no Brasil. O objetivo é compartilhar experiências e perspectivas para fortalecer o combate à doença.
Durante a abertura do evento, Rivaldo Cunha, secretário adjunto da SVSA, ressaltou a importância da colaboração entre as diversas entidades envolvidas na luta contra a malária. “A malária persiste em nosso país devido a vários fatores, incluindo questões ambientais e agrárias”, afirmou o secretário. Rivaldo também destacou a necessidade de integrar novas tecnologias e estratégias para melhorar o diagnóstico e tratamento da doença.
O primeiro dia do encontro destacou a importância da integração entre as diferentes esferas de governo e instituições para enfrentar o desafio da malária. Com a colaboração contínua e o uso de novas tecnologias, o Brasil avança na direção da eliminação da doença, apesar dos desafios persistentes. A diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da SVSA, Alda Maria da Cruz, destacou a importância da reunião no contexto do enfrentamento à doença.
“Este evento é fundamental para a troca de experiências e para a construção de parcerias eficazes. A eliminação da malária exige um esforço coletivo e contínuo. Devemos avaliar o que já foi alcançado, identificar áreas para melhoria e manter o foco na eliminação da doença”, disse. A diretora também enfatizou a importância de ouvir os profissionais que atuam diretamente no campo e adaptar as estratégias com base nas experiências locais.
“Nossa parceria de mais de 10 anos tem sido essencial para o avanço das estratégias de combate à malária. Estamos em um momento de recuperação e nosso trabalho deve ser intensificado para alcançar as metas estabelecidas”, afirmou Cláudia Martins, da Coordenação Geral de Planejamento Estratégico da Fiocruz. Já Alessandro Chagas, assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), trouxe uma perspectiva crítica sobre o financiamento e estruturação da vigilância. “Precisamos de um incremento significativo no repasse para os municípios, que são os verdadeiros responsáveis pelo enfrentamento da malária. A estruturação local é fundamental para o sucesso das ações de combate”, observou.
Mauro Tada, representante da Câmara Técnica de Malária, e Miguel Aragón, coordenador da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), também contribuíram para o debate, destacando a complexidade da malária na região amazônica e a necessidade de estratégias adaptadas às condições locais. O evento incluiu uma série de palestras e discussões técnicas. Marcos Vinícius Cordeiro, Assessor de Equidade Étnico-Racial em Vigilância e Saúde abordou a equidade nos serviços de saúde.
Malária
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária continua a ser um problema de saúde pública em 85 países, apesar dos avanços nos últimos anos. Em 2022, foram estimados 249 milhões de casos de malária no mundo, um aumento de 5 milhões em relação a 2021. O número de mortes pela doença foi de aproximadamente 608.000 em 2022, uma leve redução em relação às 631 mil mortes de 2020.
No Brasil, a malária é um grande desafio de saúde pública, com mais de 99% dos casos ocorrendo na região amazônica, que abrange os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Em 2023, o país registrou 140.275 casos da doença, um aumento de 8,8% em comparação a 2022.
Plano Nacional
Lançado pelo Ministério da Saúde em 2022, o Plano Nacional de Eliminação da Malária (Pnem) visa reduzir a morbimortalidade e a gravidade da doença, interromper a transmissão e garantir a eliminação da malária nas áreas que atinjam esse status. Alinhado com as diretrizes da Estratégia Técnica Global da Organização Mundial da Saúde, o plano é estruturado em quatro fases, com marcos e metas específicas: reduzir para menos de 68 mil casos até 2025; erradicar o Plasmodium falciparum e reduzir para menos de 14 mil casos autóctones até 2030; e alcançar a eliminação completa até 2035.
O Pnem é sustentado por estratégias integradas, incluindo apoio aos serviços de saúde locais, diagnóstico e tratamento, fortalecimento da vigilância, capacitação de profissionais, educação em saúde, controle de vetores, pesquisa e monitoramento.
Além do plano, o projeto “Apoiadores Municipais para Prevenção, Controle e Eliminação de Malária” fortalece a gestão local na região amazônica. Iniciado em 2012, em parceria com a Fiocruz, o projeto visa capacitar equipes locais e apoiar ações adaptadas às necessidades de cada município, promovendo a sustentabilidade e a melhoria das práticas de prevenção e controle.