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ter, 03 dezembro 24

Shows de Sérgio Pererê e Alissa Sanders no CCBB BH

As raízes tanto da música brasileira quanto da música norte-americana estão nos cantos de pessoas negras escravizadas que entoaram canções como forma de preservar suas culturas e como potentes mecanismos de sobrevivência e resistência. Inspirados por essa origem musical comum ao Brasil e aos Estados Unidos no processo de criação da diáspora africana para a América, os artistas Sérgio Pererê e Alissa Sanders conceberam “Vozes Ancestrais”.

O show será apresentado em Belo Horizonte, no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil, em três datas: nos dias 29 e 30 de novembro (sexta-feira e sábado) e no dia 1º de dezembro (domingo). Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH.

“Vozes Ancestrais” celebra um encontro entre os cantos do vissungo e dos Reinados de Minas, que marcam a trajetória artística e pessoal do cantor e multiartista mineiro Sérgio Pererê, com os spirituals, cantos de trabalho e folclóricos presentes na história dos escravizados negros norte-americanos, que fazem parte da herança de Alissa Sanders, nascida em Los Angeles (EUA) e radicada no Brasil há quase três décadas.

Em ambos os casos, as músicas ecoadas pelos ancestrais de Alissa e Pererê, seja no ciclo do ouro de Minas Gerais ou nas lavouras americanas, carregam um peso afetivo em comum. “Os cantos do vissungo e dos spirituals são o jeito de viver africano. A partir da filosofia Bantu, existe uma herança africana que diz: ‘para tudo se canta’. Não é apenas para trabalhar que se canta, se canta para comer, para dormir, para agradecer, para xingar. Para tudo”, explica Pererê.

Ao mesmo tempo, as músicas também estão repletas de códigos de sobrevivência usados como estratégia de fuga e proteção do povo negro. “Os negros e negras escravizados foram obrigados a aprender a Bíblia. E tiraram das histórias do povo israelita muitas coincidências com as suas histórias. Há cantos sobre a abertura do Mar Vermelho por Moisés, que é uma referência para fugir. Há canções que mencionam um lugar seguro com luz na janela, e era um código que indicava que essas casas abrigavam pessoas em fuga”, conta Alissa.

Shows

Nos shows, Sérgio Pererê e Alissa Sanders recuperam músicas em português e inglês, inspiradas pelos vissungos e pelos spirituals, além de outros cantos negros tradicionais. O repertório se desdobra em uma confluência de gêneros que inclui o blues, a congada, o folk, o samba, o catopê, o pop, o jazz e o ring shout, gênero nascido na região Gullah, no Sul dos Estados Unidos, a partir de rituais religiosos marcados por gritos, batidas de palma e dança em roda.

A sonoridade do show mistura os clássicos tambores de Pererê, incluindo também o instrumento melódico mbira, junto ao banjo americano, à percussão corporal e aos efeitos eletrônicos, sintetizados por Alissa Sanders. A banda é complementada pelo mineiro Acauã Rane (violão e baixo) e pelo baiano Bruno Aranha (piano). Na temporada de Belo Horizonte, as apresentações contarão com participações das mineiras Nath Rodrigues (voz e violino), no dia 01/12, e Débora Costa (percussão), no dia 30/11; além da dançarina paulistana Vanessa Soares, integrante da Funmilayo Afrobeat Orquestra, no dia 29/11.

O repertório do show “Vozes Ancestrais” conta também com canções compostas por Sanders durante sua recente viagem para Mali e Senegal, na África, e a exemplo do cancioneiro de Pererê, que resgata cantos dos Reinados de Minas, assim como fazem as músicas do recente disco “Velhos de Coroa” (2023).

“Sinto que esse espetáculo conversa com vários estilos e tradições do mundo todo. Para quem for assistir, será muito intrigante porque eu diria que nenhuma das músicas é só brasileira, americana ou africana. São todas muito misturadas. É um toque de gospel dentro do samba e junto dos tambores”, avalia Sanders.

“Será interessante mostrar para as pessoas que, quando a gente pensa em música popular, no mundo todo, no sentido comercial de tocar no rádio, quase toda a música vem dessas raízes. O rock, o blues, o samba, o choro, a música pop, tudo vai passar por essa conhecida célula de batidas de palmas e pés, marcada nos cantos de pessoas pretas que foram escravizadas”, complementa Pererê.

Oficinas

Além da série de shows, os artistas também vão oferecer duas oficinas relacionadas aos cantos em questão. Comandada por Sérgio Pererê, a oficina “Labidumba” propõe um passeio pelo universo vocal de culturas tradicionais do Brasil e do mundo, explorando as possibilidades dos cantos difônicos e polifônicos. O encontro acontece no dia 28/11, às 20h, com duração de 90 minutos, no CCBB BH, e é aberto para todos, desde crianças a partir de 8 anos, até contadores de histórias, cantores, arte-educadores e demais público interessado.

Na outra oficina, “Cantando as raízes da música negra americana”, Alissa Sanders explora os gêneros da música norte-americana executados no show. Baseada nos métodos pedagógicos do músico estadunidense Bobby McFerrin, a atividade convida os participantes a se conectarem em uma experiência de canto coletiva, aberta a todos. Durante a oficina, a artista também contará a história por trás de algumas músicas que serão trabalhadas. A atividade acontece no dia 30/11, às 17h, também com duração de 90 minutos, no CCBB BH, e é aberta a todas as pessoas interessadas, a partir dos 12 anos.

São 20 vagas para cada oficina e as inscrições podem ser feitas por meio de preenchimento de formulários disponíveis em ccbb.com.br/bh.

 SERVIÇO | Alissa Sanders e Sérgio Pererê apresentam:

“Vissungos e Spirituals – Vozes Ancestrais Negras das Américas”

Quando: 29/11 (sexta-feira), às 20h, Vanessa Soares; 30/11 (sábado), às 20h, com Débora Costa; e 1/12 (domingo), às 20h, com Nath Rodrigues

Onde: Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte

(Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)

Quanto: Os ingressos são gratuitos e podem ser adquiridos no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB – BH.

Oficinas: Dias 28 e 30/11. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site ccbb.com.br/bh

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