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qui, 10 julho 25

Exposição coletiva “Memórias da Terra e do Rio”

Até o dia 10 de agosto, acontece, na Casa Amarela Centro Cultural, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a abertura da exposição coletiva “Memórias da Terra e do Rio”, que reúne obras de 16 artistas, sendo a maioria trabalhos inéditos. Com curadoria da artista visual, pesquisadora e gestora cultural, Massuelen Cristina, a exposição propõe um contraponto entre artistas contemporâneos que desenvolvem suas pesquisas em torno das relações com a natureza, a água e os territórios, e artistas locais que já vêm abordando a temática em seus processos, retratando o cotidiano da população e sua relação com o Rio das Velhas. Na abertura da mostra, dia 6 de junho, às 19h, haverá apresentação musical do Coral Infantojuvenil Santa Cecília e das cantoras Nath Rodrigues, Sofia e Adriana Chaves.

A exposição é composta por obras de Ambuá Moreira (Elu/Delu), Chris Moreira, Dalber de Brito, Débora Rossi Fantini, Hilton Costa (em memória), Marlon de Paula, Sarah Coeli, Sérgio Pacheco e fotografias dos artistas do Núcleo de Fotografia José Paes. São eles: Alden Starling, Arthur Sá Fortes, Chiquinho, Eduardo Oliveira, Geraldo Aparecido, Joice Gomes, Luiz de Freitas e Willian Fernandes.

Segundo Massuelen Cristina, a proposta curatorial convida a repensar nossa relação com a natureza e a ecologia enquanto prática sustentável e artística, e a criação como ferramenta de imaginação de futuros. “Esta é uma curadoria movida pelo afeto. Pela escuta do chão que pisamos, pela vontade de se afetar pelas histórias que se repetem nos quintais, nas beiras e nas águas que ainda resistem. Nos deixamos atravessar por Sabará, por seus becos, seus silêncios, suas festas e suas feridas. Nos deixamos tocar pela sua terra que pulsa e pela água que insiste em jorrar, como o rio que nunca é o mesmo e nunca deixa de ser”, diz.

“Memória da Terra e do Rio” é uma convocação que tem como intuito despertar a lembrança de que o território não é paisagem, é corpo vivo; que o rio não é apenas linha no mapa, é ancestralidade em movimento. E que arte, quando se deixa atravessar pelo mundo, pode ser ferramenta de preservação, reinvenção e cura. Sendo assim, a exposição se constrói a partir de fragmentos de afetos, de desejos, de experiências individuais e coletivas com a terra e com as águas, entre práticas sensíveis e críticas, entre o presente que ainda pulsa e as memórias que resistem.

Segundo Massuelen, a exposição é uma travessia entre imagens e afetos, um convite para adentrar fluxos de vida que seguem pulsando à margem. “Me deixo atravessar por essas águas, pelas memórias vivas que escorrem da beira, das mãos das lavadeiras, dos rastros deixados por quem veio antes. Eu me lembro da casa com cheiro de feijão e roupa lavada, das mãos da minha avó trançando o tempo no meu cabelo, do som do rádio antigo tocando um samba que atravessava o corpo”, relata.

“Há uma memória anterior a qualquer bandeira. Antes dos trilhos, das cercas, dos mapas e das palavras do colonizador, havia aldeias, cantos, caminhos traçados pelos corpos negros e indígenas que fundaram esse território. Ainda hoje, essa presença resiste no som das águas, na arquitetura invisível das ervas, nos olhos de quem vive no entorno do rio. Antes da palavra, havia o rio. Antes da história escrita nos livros, existiam outras histórias, sussurradas entre as pedras, cantadas pelas margens, bordadas no corpo das gentes que vivem com a água até o tornozelo”, ressalta.

As obras reunidas na exposição “Memórias da Terra e do Rio” são como pequenos afluentes de um mesmo corpo d’água. São gestos que falam de ecologias sensíveis, de futuros possíveis, de uma arte que brota do chão, que carrega cheiro de folha, gosto de barro e o peso leve da lembrança. “Pensar o rio é pensar a vida que flui. É sentir a memória como nascente: ora limpa, ora turva, mas sempre viva. É lembrar que cada corpo carrega em si fragmentos de terra, de água e de passado”, diz a curadora.

Sobre Ambuá

Ambuá é artista não-binário natural de Belo Horizonte. Sua produção se dá em diversas linguagens, como escrita, escultura, performance, instalação e pintura, a partir das quais narra e reivindica formas contracoloniais de nos relacionarmos uns com os outros e com a paisagem mutável que somos. Em seu fazer, expressão e substância caminham juntas, evocando desde a matéria outros modos de se relacionar com o mundo e os seres que o compõem.

Na exposição “Memórias da Terra e do Rio”, Ambuá apresenta as séries “Mãos sonhando barro” e “Bichos” que, sempre no meio do caminho, trazem na pele pintada de barro o humus que toda vida atravessa. As obras partem do encontro entre corpo e território como gesto ancestral e experimental. Assim, a série se constrói como um tatear de memórias e territórios, onde terras extraídas de diferentes lugares se tornam tinta, relevo e superfície de escuta.

Mini-bio da curadora

Massuelen Cristina, nascida em Sabará, em Minas Gerais, é artista visual, pesquisadora e gestora cultural. Sua obra tem raízes na memória coletiva de sua família de lavadeiras, explorando corpo, território e ancestralidade. Formada em Psicologia pela FUMEC e especialista em Artes Visuais pelo CICALT, transita entre fotografia, pintura, performance e audiovisual. Premiada pelo Itaú Cultural (2020) e indicada ao PIPA (2023), participou de exposições como “Tudo é Rio” e “Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira e dos Brasis” (2024). Atua como curadora na Luzia Pinta Galeria e no Centro Cultural Casa Amarela. Pesquisa a trajetória de Luzia Pinta e desenvolve os documentários “Esquadros” e “Um Corpo no Mundo”, abordando as vivências de prostitutas em Belo Horizonte. Sua obra ressignifica narrativas negras e reafirma a arte como espaço de resistência e memória.

SERVIÇO

Exposição coletiva “Memórias da Terra e do Rio”, com curadoria de Massuelen Cristina

Data: até 10 de agosto

Abertura: 6 de junho, às 19h, com apresentação musical do Coral Infantojuvenil Santa Cecília e das cantoras Nath Rodrigues, Sofia e Adriana Chaves

Local: Casa Amarela Centro Cultural – Rua Dom Pedro II, 132, Centro, Sabará (RMBH)

Datas e horários de visitação: às quarta e quintas, das 13h às 18h; às sextas, das 16h às 22h; aos sábados, das 18h às 22h, e aos domingos, das 11h às 15h

 

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