A chef Ju Duarte, do restaurante Cozinha Santo Antônio, foi convidada para participar do Festival da Cerveja Artesanal com Lúpulo Feirense, que acontece entre os dias 3 e 6 de outubro em Santa Maria da Feira, Portugal. A cidade medieval, próxima ao Porto, será palco deste evento que reúne cultura, cerveja artesanal e gastronomia.
“Estou indo a convite da Belotur para representar a gastronomia de Belo Horizonte. Vou preparar um feijão tropeiro, que considero um prato muito belo-horizontino, além de ser mineiro. Temos essa tradição em restaurantes, bares e eventos na cidade, então foi a minha escolha”, conta Ju.
O feijão tropeiro, prato carregado de história e tradição, também tem um significado especial para a chef. “Eu tenho uma história familiar com o feijão tropeiro. Era um prato que sempre aparecia nas ocasiões festivas da minha família – aniversários, comemorações como quando passei no vestibular. Minha mãe sempre fazia feijão tropeiro, nunca feijoada. Na nossa casa, era o prato principal”, relembra.
Para o festival, Ju Duarte levará ingredientes típicos de Minas Gerais, como o feijão produzido por suas fornecedoras de Entre Rios de Minas, além de farinha de mandioca e torresmo semipronto. “O restante dos ingredientes, como defumados, irei usar os que encontrarei lá, que também têm uma tradição herdada por nós”, completa a chef.
O Festival da Cerveja Artesanal com Lúpulo Feirense, que chega à sua sexta edição, acontece na Quinta do Castelo, com um espaço ampliado, reunindo 16 cervejeiros e uma rica oferta gastronômica. Este ano, o destaque vai para a criação de uma cerveja artesanal feita com a tradicional Fogaça da Feira, em edição limitada. Além disso, a programação inclui showcookings conduzidos por chefs de quatro cidades criativas da gastronomia da UNESCO – Santa Maria da Feira, Belém, Belo Horizonte e Florianópolis. O evento também contará com workshops e conversas sobre cerveja artesanal e o lúpulo produzido localmente, cultivado nas margens do rio Cáster.
Ju Duarte e seus pratos com História
A chef Ju Duarte é historiadora de formação e cozinheira por vocação. Na Cozinha Santo Antônio, une suas expertises numa gastronomia que celebra a história de forma criativa, criando pratos que valorizam a culinária mineira e que são, ao mesmo tempo, surpreendentes.
“Um ensaio para Frieiro” homenageia o autor mineiro de “Feijão, angu e couve”. O livro não sai de perto de mim e foi inspiração para esse franguinho preparado no pinga-cerveja e frita, com um molhinho tureado no fundo da panela de ferro” conta a chef. Para acompanhar, angu de milho criolo, couve rasgada e crocante de feijão.
Já “Maria da Cruz” foi batizado em homenagem a uma poderosa senhora de terras que viveu no Norte de Minas, na beira do Rio São Francisco, no século 18 e é lembrada na história por ser uma rebelde. “Num determinado momento, a coroa portuguesa resolveu cobrar um novo imposto, um grupo de comerciantes se rebelou e ela foi uma das líderes”, conta a Ju.
Carne, mandioca e milho são os principais ingredientes da receita, que se completa com sabores do sertão, fazendo uma conexão com a região de Maria da Cruz. Assada em baixa temperatura até desmanchar, a maçã de peito, que passa por um processo de meia cura, ganha charme e sabor com uma “flor” de pequi e pimenta malagueta. A mandioca é cozida, regada com manteiga de garrafa e coberta com um pedaço de requeijão moreno. Por fim, meia espiga de milho cozida e tostada.
Sobre a Cozinha Santo Antônio
Em uma esquina charmosa, em um dos bairros mais tradicionais da cidade, a Cozinha Santo Antônio chama atenção logo de cara pela arquitetura. Ao mesmo tempo mineira e cosmopolita, com garimpos e peças de design e uma imponente e acolhedora cozinha aberta.
Uma ótima tradução para a comida feita ali. “Estamos completamente conectados com as nossas origens e com a nossa história, mas temos os pés no presente e o olhar no futuro”, diz Juliana Duarte, que comanda tudo no espaço.
A Cozinha Santo Antônio tem por princípio o respeito à sazonalidade dos ingredientes, por isso o cardápio muda de acordo com o que se tem de mais fresco e gostoso para cozinhar. Os insumos são orgânicos, de origem e chegam através de pequenos produtores.
“Todo início de semana planejo o cardápio dos próximos dias com base no que os produtores têm disponível” conta Juliana. “Durante a semana os pratos são de uma comida mais caseira, que eu defino como sendo ‘que nem a da casa da gente’. No final de semana temos pratos mais elaborados e sempre há opção vegetariana. A comida varia de receitas de família bem mineiras a pratos da cozinha do mundo, como a francesa e a do Oriente Médio que eu gosto muito e estudo”, completa.
Juliana é uma cozinheira, historiadora e pesquisadora da história da gastronomia mineira. Mas antes disso tudo trabalhava na publicidade enquanto paralelamente estudava gastronomia e vendia seu disputado patê na Feira Fresca.
Do seu jeito, vem fazendo comida com história e afeto, transformando algo aparentemente banal em “extraordinário”. Comida que valoriza a cultura alimentar mineira e que faz bem para o corpo e para a alma.
Serviço
Rua São Domingos do Prata, 453 – Santo Antônio
Funcionamento de terça a domingo de 12:00 às 14:30 nos dias de semana e de 12:30 às 16:00 nos finais de semana.
Delivery e o “buscaqui”
Whatsapp: (31) 9-8218-6427
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