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MG é o quarto maior produtor de peixes de cultivo do país

Minas Gerais revelou sua vocação para um cultivo sustentável que tem crescido mundialmente nos últimos anos. O estado é, atualmente, o quarto maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, atrás do Paraná, São Paulo e Rondônia, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta que o país produziu em 2022 cerca de 655 mil toneladas de peixe de cultivo, e apenas o município mineiro de Morada Nova de Minas foi responsável pela produção de 20 mil toneladas.

“No Brasil, há produção aquícola de diversos animais para o consumo humano, incluindo peixes, camarões, moluscos, jacarés e rãs, que fornecem proteína saudável e nutritiva. Entre os peixes marinhos, destacam-se o bijupirá e a garoupa; entre os de água doce cultivadas, temos o tambaqui, pacu, surubins e truta. A tilápia, que pode ser criada tanto em água doce como salobra, representa quase 70% da produção nacional, colocando o país como o quarto maior produtor mundial desse peixe originário do continente africano”, ressalva Peter Sarmiento, professor de Medicina Veterinária da Estácio BH.

Para o médico veterinário, os dados evidenciam a importância da aquicultura brasileira tanto para a economia quanto para o meio ambiente. Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, a aquicultura gerou em 2023 R$ 10,1 bilhões e 22 mil empregos diretos, com 17% de participação feminina, e a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) estima que o setor gere, aproximadamente, 2 milhões de investimentos indiretos. Em relação aos impactos ambientais, eles são minimizados pelos manejos técnicos aplicados a fim de garantir a sustentabilidade da atividade. Além disso, os empreendimentos aquicolas autorizados são fiscalizados regularmente pelos órgãos competentes. Outro aspecto significativo é que a aquicultura pode ser uma alternativa aos produtos obtidos da pesca comercial, reduzindo a pressão de extração sobre as populações de peixes selvagens”, explica o docente.

A atividade pode ser desenvolvida em diversas regiões do Brasil, mas a escolha da espécie de cultura dependerá das condições ambientais, dos recursos hídricos disponíveis e da tecnologia de cultivo aplicada. “Em Minas Gerais, a produção de tilápias e algumas espécies nativas ocorre em áreas de clima temperado ou quente, onde há corpos d’água relativamente turvos, como represas, tanques escavados e açudes. Já a produção de trutas é mais restrita a regiões frias do estado, como a Serra da Mantiqueira. Nessas áreas, o cultivo da espécie exige rios caudalosos, com águas transparentes e altamente oxigenadas, condições fundamentais para seu desenvolvimento”, afirma.

A qualidade dos animais aquáticos chama a atenção, podendo ser, em alguns casos, superior aos produtos provenientes da pesca comercial, conforme revela Peter Sarmiento:

“Algumas espécies de peixes selvagens carnívoros tendem a acumular mercúrio em seus arquivos e vísceras, devido ao consumo de outros peixes e animais aquáticos previamente contaminados com pequenas quantidades de mercúrio. Este processo natural é chamado de bioacumulação. Quando esses peixes carnívoros são capturados e consumidos com frequência, o mercúrio ingerido nos humanos pode causar intoxicação, pois essa substância é altamente estável e não pode ser eliminada pelo processamento ou processamento do pescado. Já nos peixes criados em empreendimentos por esse motivo, recomenda-se que crianças e gestantes, que são mais sensíveis à intoxicação por mercúrio, diminuam o consumo de peixes carnívoros provenientes da pesca, como os atuns e os tubarões, como alternativa, podem optar pelo consumo de peixes não carnívoros da pesca, como a tainha e a sardinha, bem como qualquer espécie de peixes de aquicultura”.

A criação de organismos em ambientes aquáticos requer o emprego de métodos e procedimentos técnicos voltados para sua sobrevivência e bem-estar. Os empreendimentos aquáticos autorizados devem manter seu plano de manejo sanitário atualizado e em operação, conforme esclarece o médico veterinário.

“Esse plano inclui práticas voltadas à preservação da saúde dos animais durante todo o processo de cultivo, como limpeza e proteção da infraestrutura, prevenção e controle de doenças, além de uma alimentação adequada e balanceada dos animais. Muitos empreendimentos no país adotam práticas de despesca, transporte e abate que priorizam o bem-estar animal, como o uso de bombas de caça para retirar os peixes dos tanques com o mínimo de estresse e impacto. No transporte, por exemplo, são utilizadas caixas especiais com água altamente oxigenada, garantindo que os peixes cheguem vivos ao local de abate, sem alterações em seu estado psicológico Por fim, no momento do abate, alguns frigoríficos aplicam técnicas como a insensibilização por choque elétrico, sofrimento dos animais”, ilustra.

O controle de doenças recomendado pelo especialista exige atenção e cuidado, pois a água facilita e acelera sua transmissão entre as espécies aquáticas. “Um dos principais métodos de redução do número de peixes adoecidos é a terapia com antimicrobianos, na qual um antibiótico de uso veterinário específico é incorporado à ração e administrado durante a alimentação. São tratamentos prescritos e monitorados exclusivamente por um médico veterinário credenciado e aplicados apenas por um período determinado. Após o tratamento, os animais devem passar por um período de descanso para que o antibiótico seja totalmente eliminado antes dos peixes serem destinados ao consumo humano”, frisa.

Já para a prevenção de doenças, as vacinas são uma prática fundamental, de acordo com Peter Sarmiento. “Em criadores de tilápia do estado de Minas Gerais, a vacinação é amplamente utilizada para estimular a imunidade ao longo do cultivo. O específico adequado dos animais durante esse processo é essencial para garantir a eficácia da imunização, que é realizado somente por profissionais técnicos altamente capacitados, sob a supervisão de um médico veterinário especializado em saúde de animais aquáticos”, descreve.

Como todo alimento comercializado, o pescado proveniente da aquicultura obedece às normas e regulamentações federais e estaduais para garantir a qualidade, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. “É perturbador que os consumidores verifiquem se os estabelecimentos possuem licenças para venda, incluindo alvarás de funcionamento e sanitários visíveis. Em Belo Horizonte, existe uma ferramenta online que permite consultar se um estabelecimento possui alvará sanitário vigente. Para isso, basta acessar o site https://aas.pbh.gov.br/consulta e inserir os dados da empresa (CNPJ, nome ou endereço). Jamais consomem animais criados em ambiente aquáticos de forma ilegal, porque isso pode trazer riscos à saúde”, orienta.

Cenario Minas
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