Após voos cancelados, conexões perdidas e noites em aeroportos sem suporte, equipe do Rio de Janeiro relata descaso e falta de assistência da companhia aérea
Os atletas da Seleção Brasileira de Patinação Artística, representantes do estado do Rio de Janeiro, viveram uma verdadeira maratona antes mesmo de chegar ao Campeonato Mundial, realizado na China. O grupo, que embarcaria no dia 14 de outubro rumo a Pequim, passou por uma sequência de erros, desencontros e falta de assistência da Latam Airlines, responsável pelo transporte da equipe.
A viagem inicialmente estava programada com escalas em São Paulo, Milão e destino final em Pequim (China). No entanto, ainda no embarque no Rio de Janeiro, os atletas foram surpreendidos pela informação de que o voo para São Paulo estava lotado. Sem alternativas imediatas, o grupo foi remanejado para um novo trajeto, agora com uma única escala em Londres, antes de seguir para o destino final.

Mas a situação só piorou a partir daí.
Ao desembarcarem em Londres, por volta das 8h da manhã, os atletas descobriram que a Latam não havia comunicado a companhia parceira sobre a continuação da viagem para a China. O grupo, composto por crianças, adolescentes e treinadores, ficou preso no aeroporto, sem voo e sem qualquer assistência.
“Ficamos na luta, ligando para a Latam por horas e horas — ligações internacionais, caríssimas — e o aeroporto foi esvaziando. Ficamos ali, literalmente, entregues aos ratos. Ratos de verdade!”, relatou um dos acompanhantes da equipe.
Após seis horas de ligações com a central de atendimento da companhia no Brasil, foi emitida uma nova passagem, agora com destino à Áustria, de onde seguiriam para Pequim. No entanto, o pesadelo continuou: ao chegar à Áustria, os atletas descobriram que haviam sido redirecionados para o Egito — um destino completamente fora da rota original.
“Foi inacreditável. Quando vimos, estávamos sendo enviados para o Egito! Um país que muitos só conhecem dos livros de história. E lá estávamos nós, sem passagem, sem apoio, sem saber o que fazer”, contou outra integrante do grupo.
Foram três noites seguidas dormindo em aeroportos, sem alimentação, banho ou hospedagem fornecidos pela companhia aérea. As tentativas de resolver a situação envolviam intermináveis ligações telefônicas, atendimentos automáticos, quedas de conexão e muita frustração.
No Brasil, familiares dos atletas também se mobilizaram. Uma das mães passou quase dez horas no aeroporto, em contato direto com representantes da Latam, para garantir que o grupo conseguisse finalmente embarcar para a China.
“Ela chegou às 14h e só saiu depois da 1h da manhã, mas só assim conseguimos resolver. Foi uma mistura de desespero e alívio”, relatou um dos acompanhantes.
Após dias de tensão, o grupo finalmente desembarcou em Pequim, exausto, mas pronto para representar o Brasil no Mundial. Mesmo com todo o desgaste físico e emocional, os atletas seguem firmes no propósito de competir com garra e dignidade.
Enquanto isso, o sentimento é de indignação e descaso. A equipe pretende formalizar uma reclamação oficial contra a Latam Airlines, por falhas graves na assistência ao passageiro, especialmente considerando que se tratava de menores de idade representando o país em competição internacional.

“Faltou humanidade, respeito e responsabilidade. Fomos tratados como se não existíssemos”, resumiu um dos responsáveis pela delegação.
O caso acende novamente o alerta sobre a falta de suporte a atletas brasileiros, que já enfrentam a ausência de patrocínios e apoio governamental, e ainda precisam lidar com obstáculos como este em suas jornadas rumo ao pódio.
