No dia 19 de novembro, quando se celebra o Dia do Empreendedorismo Feminino, a história da chef Maria Clara Alves Fonseca, de 30 anos, exemplifica a coragem e a determinação das mulheres brasileiras que transformam paixão em negócio. Natural de Mirabela, no Norte de Minas Gerais, ela é sócia do restaurante Andu de Dois, em Belo Horizonte, onde serve uma cozinha que resgata as raízes da cultura geraizeira.
Formada em Arquitetura e Urbanismo, Maria Clara sempre gostou de projetar e criar, mas sentia que faltava algo. “Acredito que essa mudança veio de uma inquietude que vibrava no peito. Eu amava cozinhar, receber amigos, criar experiências”, relembra. O sonho de ter um restaurante existia, mas havia ficado em segundo plano durante a escolha da primeira graduação.
A virada aconteceu em 2021, quando, com o apoio dos pais, mudou-se para São Paulo para participar de cursos de culinária. Em seis meses na capital paulista, estruturou seu primeiro empreendimento, o “Maria Cozinha”, dedicado à venda de marmitas e pães de queijo congelados e recheados. Em seguida, levou o negócio para o Rio de Janeiro, testando novos mercados e suas próprias habilidades.
Formação no Senac como impulso ao empreendedorismo
No final de 2022, de volta a Minas Gerais, Maria Clara recebeu uma proposta desafiadora: chefiar a cozinha de um restaurante em Montes Claros. A experiência mostrou que ela precisava de formação sólida, tanto em técnicas culinárias quanto em gestão. Foi quando tomou a decisão de se mudar para Belo Horizonte e entrar na Faculdade Senac em Minas, que faz parte do Sistema Fecomércio MG, para cursar Gastronomia.
“O Senac me deu a segurança de seguir a carreira que desejava. Além de aprender novas técnicas na cozinha com referências clássicas, étnicas e brasileiras, o curso me ensinou sobre negócios”, destaca a chef.
Durante a formação, Maria Clara atuou como monitora, participou de eventos gastronômicos com chefs renomados e ampliou sua rede de contatos na cidade. “Eu me sentia aprendendo duas vezes mais com essa experiência.”
Andu de Dois: cozinha afetiva que emociona
Foi também no curso de Gastronomia da Faculdade Senac em Minas – Belo Horizonte que Maria Clara conheceu Hernane Rocha, sócio na criação do Andu de Dois. O restaurante, que começou com serviços de delivery, evoluiu para um espaço físico em junho deste ano. “A grande maioria dos nossos clientes é formada por pessoas do Norte de Minas, que sentem falta de comer algo que remeta às suas origens. Sempre há emoção e felicidade em servi-las com algo que as toca tanto.”
A decisão de empreender, no entanto, não veio sem desafios e dúvidas. “No início era difícil saber quem seria nosso público, se as contas fechariam e se teríamos como gerir esse negócio de forma saudável. Hoje, a gente já consegue responder quase todas essas perguntas, mas novas questões aparecem diariamente. Com rotina e persistência, continuamos trabalhando para lapidar nosso restaurante.”
Tanta dedicação colocou o Andu de Dois no radar da crítica especializada e do público que aprecia uma boa comida mineira. Com quatro meses de portas abertas, o restaurante foi indicado em duas categorias do Prêmio Cumbucca de Gastronomia 2025: Novidade do Ano e Chef Revelação. “Ficamos emocionados e felizes em sermos notados. Além da gratidão, há aquele sentimento de que estamos no caminho certo, fazendo o que acreditamos e amamos”, celebra.
Empreendedorismo feminino em MG
De acordo com o Portal do Empreendedor, do governo federal, Minas Gerais conta com mais de 1,8 milhão de empreendedores formais. Desse total, cerca de 816 mil são mulheres, o que corresponde a aproximadamente 45%. Os dados reforçam a importância da data e o papel cada vez mais relevante das mulheres na economia do estado.
Para Maria Clara, empreender como mulher no setor gastronômico exige força e autoconfiança. “É difícil se impor em um meio masculino. O mundo empresarial não recebe bem mulheres líderes, o que não foi suficiente para me parar. Empreender é um ato de coragem, propósito e muito amor pelo que se faz. Acredite em você, no que te move e confia no processo”, aconselha.