A promessa de comprar um consórcio e ser contemplado em até duas semanas um carro ou um imóvel, foi o sonho vendido para centenas de consumidores que foram atraídos pelos anúncios do Consórcio Jockey, sediado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, mas com unidades em todo o país.
A empresa funcionava na Rua Padre Rolim, 100.
As denúncias começaram a chegar e a Polícia Civil foi investigar. Dois sócios já foram presos por conta de fraudes que chegam a R$ 30 milhões. O valor é o resultado de aplicar golpes em várias pessoas de janeiro a dezembro de 2020.
O que diz a Polícia Civil?
De acordo com Paulo Régis, Investigador da Polícia Civil de Minas Gerais, cerca de 64 pessoas que fizeram denúncias relatam serem vítimas de golpes da empresa. “O golpe consistia em anunciar veículos, dentre eles carros, motos, caminhões, além de casas nas redes sociais, em sites especializados de vendas, com a proposta de contemplação imediata entregue em 15 dias”, enfatizou.
Nesta semana, na capital mineira, foram apreendidos dois veículos de luxo de indivíduos que ostentavam uma vida boa, de regalias e festas nas redes sociais. Já as vítimas, em sua maioria, eram pessoas simples, com sonhos de conseguir um veículo ou sonho de ter uma casa própria. “A pessoa precisa, por exemplo, adquirir uma moto para fazer entrega, trabalhar com entrega de aplicativo, ou adquirir um carro para trabalhar em aplicativo de transporte. Nós temos o caso de uma pessoa que adquiriu um trator, que era o meio pelo qual ela vivia, porém ficava sem nenhum meio de subsistência”, ressalta o Delegado de Polícia Civil de Minas Gerais, Rodrigo Baptista.
Os dois sócios da empresa foram presos e a polícia também procura por uma gerente que teria fugido para a Bahia. De acordo com as investigações, cerca de 64 pessoas caíram no golpe desta organização. No entanto, o número de vítimas pode ser ainda maior.
Uma das vítimas, que pagou por R$ 8 mil para garantir uma carta de crédito para contemplar um carro, luta pelo dinheiro de volta há mais de um ano, se transformando numa história sem fim e sem resposta. “Eles estão enrolando em devolver o dinheiro integral, que eu dei de entrada. Eles querem ficar com mais da metade por causa da quebra de contrato segundo eles e, isso aí, já vai para quase um ano. Eu não tive mais retorno. Eu não tive mais resposta da empresa”, declara a vítima.
Funcionavam ilegalmente
Em agosto do ano passado, após receberem várias denúncias, a Polícia Civil já havia fechado a empresa, porém passaram três meses e a Jockey estava funcionando ilegalmente.
Em reportagem exibida pela Rede Bandeirantes, na noite desta quinta, 7 de janeiro de 2021, mostrou que a equipe tentou falar com os representantes da Jockey em sua unidade em Belo Horizonte, mas o repórter e cinegrafista foram barrados por um funcionário, porém a equipe de filmagem constatou que a empresa funcionava normalmente.
“O juiz determinou que não poderiam mais operar no ramo de consórcios, então eles pegaram um ‘testa-de-ferro’ um laranja e colocaram essa pessoa como se fosse o novo dono do negócio, alteraram o contrato de uma empresa de consórcio para outra empresa de consórcio, tentando despistar tanto a ação policial, quanto da justiça, assim como as determinações judiciais. Não acredite em cartas contempladas com valores muito baixos. Essas cartas não existem, e o consórcio é um investimento de longo prazo e que não consegue ter um acesso rápido daquele bem material”, ainda explica o delegado Rodrigo Baptista.
O que os clientes lesados devem fazer?
A Polícia Civil informa que mais pessoas possam ter sido lesadas. Então, o delegado que conduz as investigações orienta que quem for cliente do Consórcio Jockey e a entrega do bem contemplado não tiver sido feita ou estiver atrasada, deve procurar a delegacia e registrar a ocorrência.
Reportagem: Dione Alves com Rede Bandeirantes.