A 10ª edição do CURA – Circuito Urbano de Arte está prestes a começar, com a Praça Raul Soares, carinhosamente apelidada de “Raulzona”, como o ponto central de uma intensa programação cultural. Entre os dias 24 de outubro e 3 de novembro, o festival celebra a arte pública e a convivência comunitária que vêm sendo cultivadas ao longo dos anos.
Durante 11 dias, a Raulzona será um espaço de encontro para todas as idades, com atividades como intervenções artísticas, exibições de filmes, sessões de slackline, apresentações de DJs e a interativa instalação “Brincacidade” pensada para o público infantil, que também poderá aproveitar dos carrinhos de pipoca e algodão doce. A programação está sujeita a alteração em caso de chuva.
Sobre a programação, Juliana Flores, curadora e idealizadora do CURA, explica: “Partimos de dois princípios: queríamos falar sobre comunidade e, pela primeira vez, trazer um line-up 100% feminino. Desde a primeira edição, o CURA traz paridade de gênero e protagonismo feminino, mas esta é a primeira vez que todas as artistas são mulheres. E a programação foi pensada para que o público não apenas observe as obras, mas ocupe a praça, participe das atividades e desfrute do espaço.”
O Slackline foi pensado para integrar a proposta do festival de deslocar percepções e convidar o público a olhar para cima. “O Slackline nos convida a olhar para cima, assim como o CURA. Colocá-lo no espaço faz com que as pessoas mudem sua percepção daquele local e também observem as obras de uma forma diferente.”
Na abertura do festival, a exibição do documentário Pele, que estreou no final do ano passado e foi parcialmente gravado em Belo Horizonte. Juliana conta: “O filme faz muito sentido para o CURA porque ele fala da ‘pele’ que veste as cidades – grafites, pichações, cartazes, sinalizações. É uma reflexão sobre como interagimos com esses signos urbanos.”
Ela acrescenta: “Trazer o cinema para a praça também reforça o conceito do festival para este ano, que coloca a praça como essa experiência de comunidade. Queremos provocar a sociedade e o poder público para que a praça deixe de ser apenas um lugar de passagem e se torne um espaço de permanência, um local onde as crianças possam brincar e as pessoas queiram estar.”
Outro destaque na programação é o Cine Botas, um projeto de exibição de filmes que aborda o universo lésbico. “Como o CURA está trazendo o tema das comunidades sob a perspectiva das mulheres – mulheridades, infâncias e velhices – e promovendo o protagonismo feminino, faz todo sentido incluir uma sessão de cinema com curadoria voltada para a história das mulheres lésbicas. A parceria com o Cine Botas traz filmes que dialogam com essa temática, e será uma experiência muito rica para o público.”
O CURA também está com uma parceria com a Banca Forte (@bancafortebh ) que irá montar uma loja durante todos os dias do festival com produtos de arte urbana e da cena do grafiti. A Banca Forte é um projeto do artista DMS que participou da edição 2017 do festival.
Programação Completa*:
* sujeita a alteração em caso de chuva.
Abertura – 24/10, quinta-feira | 18h às 22h
- Exibição do filme Pele com sessão comentada por Marcos Pimentel e Binho Barreto
- Exposição da instalação Brincacidade – Isabel Brant
25/10, sexta-feira | 18h às 22h
- Cine Botas – exibição de filmes e debate
- Exposição da instalação Brincacidade – Isabel Brant
26/10, sábado | 14h às 20h
- Slackline (Highline Urbano) e DJs:
- Manu Grossi (14h às 17h)
- Pat Manoese (17h às 20h)
27/10, domingo | 14h às 20h
- Slackline (Highline Urbano) e DJs:
- Bebela (14h às 17h)
- Naroca (17h às 20h)
31/10, quinta-feira | 18h às 22h
- DJs:
- Jambruna (18h às 20h)
- Black Josie (20h às 22h)
01/11, sexta-feira | 18h às 22h
- DJs:
- Bruna Castro (18h às 20h)
- Fê Linz (20h às 22h)
02/11, sábado | 14h às 20h
- Slackline (Highline Urbano) e DJs:
- Carol Blois (14h às 17h)
- Camis (17h às 20h)
Encerramento – 03/11, domingo | 14h às 20h
- Slackline (Highline Urbano) e DJs:
- Sandri (14h às 17h)
- Kingdom (17h às 20h)
Sobre Pele
Direção – Marcos Pimentel
Brasil, 2021, 75′
Classificação indicativa – 12 anos
Première mundial – IDFA/ Envision Competition – Menção Honrosa do Júri
Sinopse
Cidades contam histórias. Grafites, pichações, símbolos, palavras de ordem e declarações de amor revelam desejos, medos, fantasias e devaneios. A história recente do país espalhada pelos muros: junho de 2013, impeachment de Dilma, prisão de Lula, ascensão da extrema direita, #elenão, assassinato de Marielle e tantos mais se revelam em fragmentos de memória e gritos silenciosos nas paredes dos centros urbanos.
Cine Botas – Sinopses dos Filmes:
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- Eu te amo é no sol (19min, 2022) – Dir.: Yasmin Guimarães
Mati viaja para encontrar Julia, sua namorada, que vive em um local frio e distante. Juntas, enfrentam a falta de identidade e a impossibilidade de voltar para casa. - Rebu (21min, 2021) – Dir.: Mayara Santana
Um documentário em primeira pessoa sobre a vivência lésbica da diretora, que explora performances de masculinidade e discute temas como romance e irresponsabilidade afetiva. - Sapatão: uma chara/dura no sistema (12min, 2020) – Dir.: dévora mc
Um manifesto de uma entregadora por aplicativo que desafia padrões em uma sociedade em colapso.
- Eu te amo é no sol (19min, 2022) – Dir.: Yasmin Guimarães
- Superdyke (17min37seg, 1975) – Dir.: Bárbara Hammer
Um ícone da libertação lésbica e feminista, Superdyke é uma obra experimental e politicamente incisiva, que celebra o empoderamento lésbico.
Sobre a nova edição do CURA
A 10ª edição do CURA – Circuito Urbano de Arte está prestes a transformar novamente a Praça Raul Soares, em Belo Horizonte. A edição de 2024 convida a comunidade a repensar como os espaços públicos podem ser vividos e ocupados, propondo uma visão que coloca a imaginação como o primeiro passo para a ação.
Desde 2021, o CURA ocupa a emblemática Praça Raul Soares, trazendo vida e reflexão sobre o espaço. Este ano, a provocação é clara: e se a praça fosse mais que uma rotatória, fosse mais do que apenas um lugar de passagem? E se ela pudesse se transformar em um verdadeiro parque, um espaço de convivência que acolhesse mães, crianças e idosos? O CURA 2024 propõe uma transformação do espaço urbano em um ambiente de pertencimento e permanência.
A Praça Raul Soares como Mirante e Espaço de Encontro
O CURA atua como um catalisador na cidade, propondo novas maneiras de habitar e coexistir. Desde sua chegada à Praça Raul Soares, o festival transformou o local em um mirante que oferece à comunidade uma oportunidade de repensar seu uso. O que antes era visto apenas como uma rotatória movimentada, tornou-se um espaço de arte, encontro e troca. Em 2024, o festival continuará essa trajetória de transformação, construindo um legado artístico e cidadão que reconta a história da cidade e imagina novos futuros.
Vale destacar como a ocupação da praça impulsionou uma revitalização do seu entorno. A abertura de bares e estabelecimentos ao redor transformou a vida noturna local, trazendo novas perspectivas para o uso do espaço público. O desafio, agora, é estender essa ocupação para o cotidiano diurno, propondo uma praça reimaginada, com mobiliário urbano e sombra, para que a população possa desfrutar plenamente do espaço.
Sobre o Cura
O CURA – Circuito Urbano de Arte é um dos maiores festivais de arte pública da América Latina. Desde a primeira edição, em 2017, carrega um compromisso com a democratização da arte e transforma espaços urbanos em galerias a céu aberto, convidando a comunidade a interagir com obras de grande impacto artístico. Os murais, que incluem a maior coleção de arte pública indígena do mundo e as obras mais altas pintadas por mulheres na América Latina, celebram a ancestralidade e a diversidade cultural.
O CURA nasceu em Belo Horizonte e, atuando como um verdadeiro agente de transformação cultural e urbana, trouxe um legado palpável para a cidade, que transcende os dias do festival. Em 2023, realizou sua primeira edição em Manaus, com murais e instalações que homenageiam a ancestralidade dos povos da floresta e hoje constroem o primeiro mirante de arte indígena do mundo.
Com muita festa, feiras, shows e exposições de arte, o festival convida as pessoas a assistirem a todo o processo das pinturas. O CURA é mais do que um evento cultural e turístico, é um movimento que redefine a paisagem e enriquece a vida comunitária, promovendo a arte como um elemento essencial na construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente.