Diante do aumento da infertilidade e da crescente redução das taxas de natalidade em todo o globo, a OMS desenvolveu e publicou hoje, 28 de novembro, pela primeira vez, diretrizes para a abordagem e tratamento da infertilidade
A infertilidade é definida pela incapacidade em conceber após um ano de atividade sexual regular e afeta 1 em cada 6 pessoas no mundo segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema pode ser agravado por hábitos de vida como o tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, obesidade e exposição ambiental a produtos químicos. O adiamento da maternidade, realidade mundial, é outro fator importante e que reflete as mudanças sociais e econômicas das últimas décadas. Diante do aumento da infertilidade e da crescente redução das taxas de natalidade em todo o globo, a OMS desenvolveu e publicou hoje, 28 de novembro, pela primeira vez, diretrizes para a abordagem e tratamento da infertilidade. A entidade fez hoje um apelo aos países para que tornem os cuidados de fertilidade mais seguros, justos e acessíveis a todos, em sua primeira diretriz global para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da infertilidade.
Segundo a OMS, a infertilidade pode resultar em estresse físico e psíquico, comprometendo o bem-estar mental e psicossocial das pessoas. Em vista do elevado custo dos tratamentos e a ausência de políticas públicas voltadas para a saúde reprodutiva, as pessoas acabam por arcar com os custos dos tratamentos de reprodução assistida como a fertilização in vitro (FIV). De acordo com o estudo da OMS, as pessoas nos países mais pobres gastam uma proporção maior de sua renda com cuidados de fertilidade em comparação com as pessoas nos países mais ricos, o que é um fator limitante para a maioria, tornando o tratamento inacessível e aumentando a desigualdade social e econômica. Além disso, o envelhecimento da população combinado com a queda acentuada das taxas de natalidade poderá criar um desastre demográfico com efeitos econômicos catastróficos que afeta a vida de todos nós.
A Dra. Márcia Mendonça Carneiro, Professora Titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e médica do Hospital Biocor/Rede D’Or em Belo Horizonte participou como consultora externa do documento junto com outros renomados especialistas e professores de todo o mundo na revisão das diretrizes publicadas hoje pela OMS que está disponível online (https://www.who.int/publications/i/item/9789240115774).
A diretriz inclui 40 recomendações baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis que visam fortalecer a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da infertilidade. Além de definir critérios diagnósticos e abordagens terapêuticas, as diretrizes da OMS promovem opções custo-efetivas em todas as etapas, ao mesmo tempo que defendem a integração do cuidado com a fertilidade nas estratégias, serviços e financiamento nacionais de saúde e com foco na atenção primária à saúde e prevenção da infertilidade.
As diretrizes descrevem as etapas fundamentais para diagnosticar as causas comuns de infertilidade masculina e feminina. O documento oferece abordagens considerando os resultados dos exames clínicos, assim como as preferências do paciente, fornecendo orientações sobre como avançar progressivamente nas opções de tratamento, desde estratégias de manejo mais simples – em que os médicos inicialmente aconselham sobre os períodos férteis e a promoção da fertilidade sem tratamento ativo – até tratamentos mais complexos, como inseminação intrauterina ou fertilização in vitro (FIV).
As diretrizes consideram ainda o impacto emocional da infertilidade, que pode levar à depressão, ansiedade e sentimentos de isolamento social, a diretriz enfatiza a necessidade de garantir o acesso contínuo ao apoio psicossocial para todos os indivíduos afetados assim como orientações pré-concepcionais sobre alimentação, tabagismo e hábitos de vida que são fundamentais na saúde reprodutiva de homens e mulheres.
Foto/divulgação: Dra. Márcia Mendonça
