Nos últimos anos, o Brasil tem presenciado um crescimento exponencial do mercado pet. Minas Gerais, como um dos maiores estados do país, não foge a essa tendência. Esse crescimento, impulsionado pelo aumento da população de animais de estimação e pela mudança na percepção social sobre os pets, que hoje são considerados membros da família, abre um leque de oportunidades para o setor, mas também exige maior responsabilidade por parte das empresas que atuam nesse nicho.
Infelizmente, essa ascensão nem sempre é acompanhada por práticas adequadas e éticas. Recentes manchetes em todo o país, como a do cão Candinho, que há oito anos, foi adotado por funcionários do metrô de Belo Horizonte e que estava sendo expulso pela nova concessionária do transporte e a pela repercussão da morte de Joca, um do Golden Retriever que sofreu em um só dia, três viagens exaustivas, por engano de uma companhia aérea. Esse e outros casos do tipo, acontecem todos os dias e expõem falhas graves no tratamento e na segurança dos animais de estimação. Essas trágicas ocorrências evidenciam a necessidade urgente de ações por parte dos órgãos públicos para garantir o bem-estar animal e a proteção dos consumidores e suas mascotes em um mercado que não para de crescer.
A pesquisa, elaborada pelo Núcleo de Estudos e Inteligência da Fecomércio MG, tem como objetivo apresentar um panorama detalhado do Mercado de Petshop em Minas Gerais, explorando seus diversos aspectos, desde o perfil dos consumidores até as tendências de consumo, demonstrando a crescente economia desse setor.
Fecomércio MG apresenta estudo sobre mercado pet shop no Estado
Tendo em vista a importância, cada vez mais crescente, do segmento de Pet Shop, o núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG realizou uma pesquisa com o intuito de disponibilizar uma visão do cenário dos pet shops em Minas Gerais. O mercado de pet shop no Brasil se destaca como um gigante em constante expansão, representando um importante nicho na economia nacional. Em 2022, o total de pets no Brasil era de 167,6 milhões, valor 3,6% superior que o observado em 2021. Por sua vez, em 2023, a indústria pet (alimentação, acessórios e medicamentos) faturou R$ 47,01 bilhões, 0,47% do PIB brasileiro, demonstrando o significativo impacto do setor no cenário econômico e um futuro próspero impulsionado pela constante profissionalização e adaptação às novas tendências de consumo. Dessa forma, o mercado de pet shop no Brasil se consolida como um dos setores mais promissores da economia nacional.
Essa pujança se deve ao crescente investimento dos tutores em seus animais de estimação, que cada vez mais são considerados membros da família, e, com isso, há um maior investimento dos donos com produtos e serviços diversificados, indo além da alimentação e incluindo serviços como banho e tosa, transporte, creches, cuidados veterinários e até planos de saúde para os seus pets. Acompanhando esta tendência, 66,0% dos pet shops de Minas Gerais oferecem produtos e serviços e 34,5% dos estabelecimentos contam com o atendimento médico veterinário.
“A relação entre humanos e pets está em constante transformação e o investimento no bem-estar dos animais de estimação encontra-se em constante crescimento. Não obstante, segundo 67,2% dos pet shops, o gasto médio dos seus clientes gira em torno de R$ 25,00 a R$ 100,00. Hoje é observado que o cuidado com os pets vai além da alimentação, atingindo também a busca por banho e tosa, transporte, creches, cuidados veterinários e outros produtos e serviços que garantem uma melhor qualidade de vida para os animais de estimação”, destaca Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG.
A pesquisa, que contou com a aplicação de questionários por telefone em uma amostra proporcional de pet shops de Minas Gerais, foi realizada entre os dias 05 e 13 de março de 2024. Foram avaliados 353 estabelecimentos das diversas regiões do estado, o que confere à amostra uma margem de erro de 5,0%, com intervalo de confiança de 95%.
Esses dados apontam para uma significativa mudança no cenário econômico dos pet shops em Minas Gerais, impulsionada pela crescente digitalização dos negócios e pela adaptação aos novos padrões de consumo.
Faturamento dos Pet Shops
De acordo com IPB (Instituto Pet Brasil), em 2023 o faturamento do mercado pet no país foi de, aproximadamente, R$ 68 bilhões, apresentando um crescimento de 14,2% se comparado ao ano anterior. Em relação ao PIB, a participação desse mercado em 2023 foi de 0,36%.
Assim como o faturamento, o número de empregos formais no âmbito do comércio varejista e serviços também apresentou aumento nos últimos cinco anos. No Brasil, em 2020, havia 81.540 empregos formais pertencentes ao mercado Pet – representando 0,29% do setor terciário no período, porém esse número, no momento (2024), chegou a 107.085 (0,33% do setor terciário). Logo, não somente houve aumento dos empregos formais, como também houve aumento na participação dentro de setor.
Em Minas Gerais, essa tendência se repete – saindo de 9.037 empregos formais em 2020 para 11.738 em 2024, participação essa que representava naquele período 0,33% do setor terciário e, atualmente, representa 0,37% dele.
O Sudeste, em número de empresas ativas desse mercado chega a representar 56,5% do total no Brasil, enquanto o estado mineiro detém 23,4% dessa participação no Sudeste e 13,2% das empresas nacionais, sendo assim um dos estados a possuir mais empreendimento desse tipo de atividade econômica no país.
O segmento de Pet possuía em 2019, ano anterior a pandemia, 4.647 empresas formais. Em 2022, este valor passou para 5.133 estabelecimentos, um crescimento de 10,46%. Em contrapartida, na mesma comparação temporal, o setor do comércio varejista retraiu -14,72%, passando de 255.797 empresas em 2019 para 217.755 em 2022.
No levantamento realizado pela instituição, foi possível observar os tipos de produtos mais vendidos no comércio mineiro, os serviços mais aderidos pelos consumidores – de acordo com os empresários, a adesão do comércio on-line pelos entrevistados, assim como os motivos para não adesão, os canais de vendas pela internet utilizados, entre outras características que fazem esse mercado ser atrativo no estado.
Segundo o levantamento, os pet shops têm ampliado seu mix de produtos e serviços para atender a demanda dos clientes. Entre os produtos mais buscados pelos tutores estão os alimentícios (57,2%); medicinais (33,7%); acessórios para o animal (31,8); higiene (28,9%) e vestimentas (6,4%). Já entre os serviços estão banho e tosa (70,2%); transporte (34,3%); hospedagem (5,4%); passeador de cães (3,5%) e adestramento (1,2%).
Em relação aos serviços veterinários, 34,5% dos pet shops possuem este tipo de atendimento, dos quais 29,8% atendem a todos os tipos de animais. “Embora aproximadamente 1/3 dos pet shops possuam atendimento veterinário, esta é uma oferta de produto que pode gerar um diferencial para os clientes. Acrescido a isso, há também a oferta de planos de saúde para os pets, que é oferecida por 1,1% dos pet shops mineiros. Apesar de ainda pequeno, esse mercado segue em expansão e atento a uma rotina de cuidado crescente por parte dos tutores”, explica Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG.
Os empresários do setor se atentam também a diferenciação no atendimento dos seus clientes. Entre os principais diferenciais oferecidos encontram-se os programas de fidelidade (33,9%); programas de assinatura (16,9%); desconto no mês de aniversário do pet (13,6%) e banhos terapêuticos (3,4%).
Segundo o levantamento, 35,0% dos pet shops já adotaram as vendas online, enquanto 57,8% ainda não embarcaram nesse modelo e 6,3% manifestam intenção de fazê-lo.
Entre os motivos que retardam a adesão ao comércio eletrônico, destacam-se a falta de interesse, o porte pequeno das empresas e a escassez de tempo. Entretanto, é importante ressaltar que a maioria dos estabelecimentos que planejam ingressar nesse setor pretendem fazê-lo em um prazo de até 12 meses.
Os canais online mais utilizados pelos pet shops que já adotaram as vendas pela internet são o Whatsapp e as redes sociais, evidenciando uma preferência por plataformas de comunicação instantânea e interação social. Dessas vendas online, 53,7% correspondem a até 20,0% do faturamento total dos estabelecimentos.