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Eduardo Moreira e filha estreiam peça Ainda Estou Aqui

A Mostra Criações, novo eixo do Festival SESI em Cena 2025, apresenta, de 26 a 29 de julho, às 19h e 21h, no Teatro de Bolso do Centro Cultural Sesiminas BH, o espetáculo DAS DING — criação que atravessa os limites entre teatro e cinema, memória e ficção. A montagem marca a colaboração inédita entre Bárbara Luz e Eduardo Moreira, filha e pai, com direção de Marcelo Castro e Filipe Lampejo, e direção cinematográfica de Hugo Haddad. Os ingressos, a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), estão à venda na plataforma Sympla (bit.ly/_dasding) e na bilheteria do teatro. A apresentação do dia 26 de julho contará com interpretação em Libras.

No dia 23 de julho, das 19h às 22h, no auditório do 4º andar do Centro Cultural Sesiminas BH, os artistas ministram uma oficina gratuita sobre o processo criativo, intitulada “Das Ding: entre cena e câmera”. As inscrições às 20 vagas estão abertas no site e nas redes sociais do SESI Cultura.

DAS DING parte de um texto inédito da escritora e dramaturga Paloma Vidal e acompanha pai e filha — interpretados por Eduardo Moreira e Bárbara Luz, que também vivem essa relação fora da cena —, em um percurso aparentemente simples: o transporte de um colchão por cinco quarteirões. O gesto cotidiano se desdobra em camadas de silêncio, lembrança e reflexão. A proposta articula presença cênica e linguagem audiovisual, numa experiência que amplia os formatos tradicionais da cena. O que carregamos, de fato, quando movemos algo de um lugar a outro?

A atriz Bárbara Luz destaca que fazer uma peça com o pai é um sonho de muitos anos. “Desde pequena, admiro o trabalho dele, e, para mim, é uma honra aprender ao seu lado. Sinto que Das Ding tem nos permitido explorar diferentes relações entre um pai e uma filha, e, de certa forma, estreitar nossos laços familiares e profissionais. Nesse processo, aprendo muito sobre o ofício e o fazer teatral, e reafirmo meu desejo de trabalhar no teatro, e de ser atriz. Tudo isso muito bem acompanhado e amparado por pessoas que adoro e admiro”.

Para o ator Eduardo Moreira, o projeto de montagem de Das Ding lhe possibilita aprofundar a parceria com artistas como Marcelo Castro, Filipe Lampejo e Rodrigo Marçal. “Além disso, finalmente, concretizo a realização de uma peça sobre a relação entre pai e filha, com Bárbara Luz, minha filha na vida real. Esse ‘não lugar’ de Das Ding, entre o cinema e o teatro, a realidade e a ficção, o fenômeno e a coisa em si, traz, para mim, perguntas bastante desafiadoras”, completa.

Com a palavra, os diretores

“Tem coisas que nos escolhem. Das Ding veio assim: por caminhos mágicos, inesperados. O livro da Paloma Vidal caiu em minhas mãos por acaso, mas era como se já soubesse onde queria chegar. Na primeira leitura, na casa do Eduardo e da Bárbara, sentimos que havia algo ali muito íntimo e especial. Um texto sutil, cheio de pausas e silêncios, em que os personagens, pai e filha, tentam se comunicar — e, agora, ganha vida, justamente, com um pai e uma filha reais em cena. Em alguns ensaios, levei minha filha, de nove anos, comigo. Ela observava tudo, em silêncio, atenta. Em alguns momentos, ria, fazia perguntas difíceis. Ver Eduardo e Bárbara atuando juntos no palco me comove como artista e como pai. Essa peça abriu uma fresta entre o teatro e a vida, e foi por ela que resolvemos entrar”, destaca o diretor Marcelo Castro.

“DAS DING marca minha estreia como diretor, e tem sido uma experiência transformadora. O convite partiu de Marcelo Castro, amigo e parceiro de criação, com quem compartilho o desejo da criação e da experimentação de linguagens. O ponto de partida foi o texto inédito de Paloma Vidal, escrita potente e delicada, que nos propôs um desafio instigante: como dar forma e corpo ao que escapa à linguagem? A relação com os atores, Eduardo Moreira e Bárbara Luz, tem sido um dos pilares do processo, marcada por escuta, generosidade e troca contínua. Ao cruzarmos presença cênica e linguagem audiovisual, buscamos expandir a materialidade da cena e abrir espaço para o que se diz no silêncio, no gesto e na imagem”, ressalta o diretor Filipe Lampejo.

Sinopse do espetáculo

Em DAS DING, pai e filha atravessam a cidade carregando um colchão. Primeiro em filme, depois no palco, o espetáculo se constrói como uma travessia entre o visível e o indizível, entre o peso do objeto e o que ele carrega de memória, desejo e dor. O colchão torna-se centro e resto, abrigo e obstáculo. Inspirado em conceitos de Lacan e Kant, mas com linguagem sensível e acessível, DAS DING investiga o que há de mais íntimo e estranho entre duas pessoas que se amam, mas não sabem como se dizer. No palco, Eduardo Moreira e Bárbara Luz — pai e filha na vida real — percorrem esse território de afetos, silêncio e tentativas. A peça é dirigida por Marcelo Castro e Filipe Lampejo, com direção audiovisual de Hugo Haddad.

DAS DING

 “DAS DING” é uma expressão em alemão que significa ‘a Coisa’. O conceito é usado pelo psicanalista Jacques Lacan, para falar daquilo que é tão íntimo e tão profundo em nós, que não conseguimos expressar em palavras. É como uma ferida, uma ausência, ou uma lembrança muito forte que a gente sente, mas não sabe bem de onde vem — e muito menos consegue explicar. Está dentro da gente, mas é estranho. Está presente, mas escapa. Na peça, o colchão é uma imagem dessa Coisa: ele está entre os dois personagens (pai e filha), tem peso, tem memória, tem marcas — mas não é dito diretamente o que ele representa. Eles carregam esse colchão como quem carrega algo da vida que ainda não se conseguiu entender ou superar. A peça mostra dois personagens tentando fazer uma coisa simples: levar um colchão de uma casa a outra. Mas, enquanto fazem isso, conversam sobre suas vidas, suas dores, seus fracassos, sua história em comum. Aos poucos, percebe-se que eles estão tentando carregar não só um colchão, mas algo muito mais pesado: a tentativa de se entenderem, de dizer o que nunca foi dito, de lidar com coisas mal resolvidas. É isso que não consegue ser dito, mas está ali o tempo todo — essa é a Coisa.

Os artistas

 Bárbara Luz

Jovem atriz brasileira, nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ela é filha dos atores Inês Peixoto e Eduardo Moreira, do renomado Grupo Galpão. Bárbara começou sua carreira ainda criança, com o filme “O Menino no Espelho”. No cinema, participou de filmes como “Unicórnio”, “A Primeira Perda da Minha Vida”, “Cinco da Tarde”, “O Silêncio de Eva”. Na televisão, participou da série “Santo Maldito”, do canal Disney+. Seu trabalho mais conhecido é a interpretação de Nalu no filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, vencedor do primeiro Oscar brasileiro. Pela personagem Nalu, ela recebeu uma indicação de Melhor Atriz Coadjuvante no Prêmio Grande Otelo. Atualmente, Bárbara estuda teatro em Paris, na França.

Eduardo Moreira

Ator, diretor, dramaturgo e um dos fundadores do Grupo Galpão, onde atua, também, como diretor artístico. No próprio grupo, dirigiu o espetáculo “Um Molière imaginário” e atuou como assistente de direção em diversas montagens. No Galpão Cine Horto, assinou a direção de “Por toda a minha vida” e “Circo do lixo”. Ao longo dos anos, colaborou com importantes grupos teatrais do Brasil: dirigiu os espetáculos “Muito barulho por quase nada” e “O casamento do pequeno burguês”, com o grupo Clowns de Shakespeare (Natal-RN); “Um dia ouvi a lua” e “The bichos”, com os grupos Teatro da Cidade e Teatro d’Aldeia (São José dos Campos-SP); “Por de dentro” e “#preciosas”, com o Grupontapé (Uberlândia-MG); e, em Belo Horizonte, realizou as montagens “Como a gente gosta”, “Ópera do sabão” e “Engenho de dentro”, com o grupo Maria Cutia, além de parcerias com o grupo Malarrumada. No cinema, atuou em produções de destaque, como “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburger, “Batismo de Sangue” e “O Lodo”, de Helvécio Ratton, “Mutum”, de Sandra Kogut, “Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo, “Moscou”, de Eduardo Coutinho, “Joaquim”, de Marcelo Gomes, e “Ato”, de Bárbara Paz. Também participou de diversos curtas-metragens, como “O Crime da Atriz” (Elza Cataldo), “Rua da Amargura” (Rafael Conde), “Para Tchékhov” (Inês Peixoto) e “No Andar de Baixo” (Leonardo Catapreta), além de dirigir o curta “Tricoteios”. Na televisão, além de participações em novelas, minisséries e especiais, atuou na minissérie “A Menina sem Qualidades”, dirigida por Felipe Hirsch, e no especial “A Paixão Segundo Ouro Preto”. Como dramaturgo, escreveu os textos “NÓS e OUTROS”, em parceria com Marcio Abreu, e “De Tempos Somos”, do Grupo Galpão. Também realizou diversas adaptações, entre elas “Iago, o Elogio da Vingança”, “Engenho de Dentro”, “Circo do Lixo” e “Carta ao Pai”. Tem, ainda, uma longa trajetória como locutor em filmes, programas culturais e peças publicitárias para rádio e TV.

Os diretores

 Marcelo Castro

Artista transdisciplinar, Mestre em Práticas Cênicas e Cultura Visual pela UCLM/Museu Reina Sofia, em Madrid, na Espanha. Recentemente, concluiu o Programa Avançado de Criação em Artes Performativas, Fórum Dança, em Lisboa, Portugal. Realiza trabalhos em fotografia, audiovisual, peças radiofônicas e performance art. Em 2023, foi selecionado, em parceria com André Baumecker, com o projeto Núcleo Nômade de Fotografia, para receber o 4º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais e Fotografia.

Filipe Lampejo

Artista gráfico e diretor criativo, com atuação centrada na experimentação da linguagem visual e na criação de narrativas gráficas contemporâneas em múltiplos formatos — como cartazes, livros, bandeiras e suportes digitais. Sua obra tem forte diálogo com o universo das artes cênicas e da música, e seus cartazes já divulgaram festivais e trabalhos de artistas do teatro, do cinema e da música brasileira. Desde 2018, assina a identidade visual das peças do Grupo Galpão, sendo o cartaz do espetáculo “Quer ver escuta” premiado em primeiro lugar na categoria pôster no Brasil Design Award. Em 2012, foi indicado ao Grammy Latino, na categoria de Melhor Projeto Gráfico, pelo álbum “Abaporu”, da cantora Laura Lopes. Ao lado de João Marcelo Emediato, representou o design brasileiro no -ING Creative Festival, em Dubai, e teve o trabalho “Breves Bandeiras” exibido no festival BONDE.br, em Nova Iorque. Já participou, por cinco vezes, da Bienal Brasileira de Design Gráfico. Em 2019, lançou seu primeiro livro, “Jabuticaba”, pela editora Impressões de Minas, resultado de pesquisa entre palavra e imagem. Em 2022, concebeu e dirigiu com Vinícius de Souza a série de videorretratos “Muitos Anos de Vida”, com o Grupo Galpão, e atuou, como diretor criativo, do show Vício Inerente, da artista Marina Sena.

A autora

Paloma Vidal é escritora, dramaturga, tradutora e professora. Nascida na Argentina e radicada no Brasil, sua obra transita entre diferentes gêneros — da prosa à cena, do ensaio à performance —, explorando temas como memória, deslocamento e linguagem. É autora de romances, contos e peças teatrais, além de traduzir nomes como Clarice Lispector e Margo Glantz. Atualmente, é professora de Teoria Literária na UNIFESP.

Sobre a Mostra Criações

A Mostra Criações é uma iniciativa do SESI Cultura, que integra o Festival SESI em Cena 2025, com foco na produção artística original desenvolvida dentro da própria estrutura do festival. O projeto propõe um ambiente de residência, experimentação e estreia, reunindo diferentes linguagens e ampliando o papel do Centro Cultural SESIMINAS como espaço de criação ativa. O espetáculo DAS DING é a segunda atração da mostra, aberta, em maio, com Burburinho, criação da quasecia.

SERVIÇO:

Das Ding – Bárbara Luz e Eduardo Moreira
Datas:
 26 a 29 de julho (sábado a terça-feira)
Horário: 19h e 21h (duas sessões/dia)
Local: Teatro de Bolso – Centro Cultural SESIMINAS BH
Ingressos: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)
Sessão acessível com intérprete de Libras: 26/07
Oficina gratuita: 23/07 (quarta-feira), das 19h às 22h (inscrições em breve no site e redes sociais do SESI Cultura)
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos

Link do vídeo: https://vimeo.com/1086560829/bb9be7196a?share=copy

Link de fotos: https://drive.google.com/drive/folders/1fjEPgNbFGnlgNfSkDcAbCj1q2kbtuWVu

 

Cenario Minas
Cenario Minashttps://cenariominas.com.br
Revista Cenário's ou (Portal Cenário Minas) é uma revista digital de variedades que destaca a vida na capital nas suas mais diferentes vertentes: sociedade, comportamento, moda, gastronomia, entre outros temas. A publicação digital se notabiliza pela absoluta isenção editorial e por praticar um jornalismo sério, correto e propositivo, cuja credibilidade e respeito ao leitor são seus apreços primordiais.

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