No próximo dia 12 de julho, às 15h, acontecerá a vivência artística “Sentir a Capacidade de Sentir” na Casa da Floresta guiada pela artista visual Sarah Torres.
Em tempos de tanta pressão e adoecimento emocional, promover espaços de escuta, expressão e reconexão tornou-se vital. A arte, nesse cenário, não apenas embeleza a vida, ela a sustenta.
Aumento dos transtornos mentais no Brasil
Diante do aumento expressivo de transtornos mentais no Brasil, falar sobre saúde emocional e oferecer caminhos possíveis de cuidado se tornou uma urgência coletiva. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país lidera o ranking global de pessoas ansiosas. Em 2024, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou 470 mil afastamentos por transtornos mentais e comportamentais — o maior número da série histórica, com aumento de 68% em relação a 2023.
Apesar dos números alarmantes, a busca por prevenção ainda é baixa e em geral a procura por tratamento ocorre quando o sofrimento é agudo e, na maioria das vezes é somente através de medicamentos, esclarece a psicóloga Mariluza Drumond. “Saúde mental é ainda um assunto carregado de estigmas, entretanto o atual conceito de saúde é mais amplo e inclui bem estar físico, mental, emocional e nas relações. Muitas pessoas sentem vergonha ou sequer sabem onde procurar ajuda”, afirma.
Mariluza defende que, além dos tratamentos convencionais, como terapia e uso de medicação, é essencial incluir abordagens integrativas e preventivas. “Há pesquisas que comprovam, e a própria OMS reconhece, que atividades relacionadas às artes, são aliadas à promoção do bem estar, sendo importante coadjuvante à prevenção e cuidado, principalmente com a saúde mental, em qualquer fase da vida, independente do potencial artístico, a capacidade de criar espontaneamente contribui para a compreensão e organização do mundo interno, abrindo portais para a cura”, explica.
Arte como recurso terapêutico
Muito além da estética ou do entretenimento, a arte é um recurso potente de expressão, acolhimento e transformação emocional. “A arte oferece uma via de elaboração psíquica que muitas vezes as palavras não alcançam. Durante o processo criativo, a pessoa encontra um espaço interno de liberdade, escuta e simbolização que pode aliviar angústias profundas”, explica a psicóloga. Estudos indicam ainda que práticas artísticas reduzem os níveis de cortisol (hormônio do estresse), melhoram o sono e contribuem para o equilíbrio do sistema nervoso. “É uma forma concreta de cuidar do corpo e da mente ao mesmo tempo”, completa.
A artista visual e facilitadora de vivências artísticas Sarah Torres é um exemplo de como a arte pode ser uma aliada ao cuidado com a saúde mental. “Em 2021, ainda durante a pandemia, tive um episódio de confusão mental. Após exames, recebi o diagnóstico de ansiedade e, em seguida, de depressão. Desde então, faço acompanhamento psiquiátrico, uso medicação e sigo em tratamento terapêutico”, relata.
O contato com a arte começou em 2019 e, no fim de 2024, ela decidiu se dedicar integralmente à carreira artística. “Não estava feliz no antigo trabalho, e essa insatisfação agravou meu estado de saúde. Hoje vivo da arte. Tenho desafios, como em qualquer profissão, mas agora faço algo que tem sentido pra mim.”
Vivência Artística como recurso terapêutico
Sarah descobriu sua vocação artística durante um processo de autoconhecimento. “Numa prática de afirmações diante do espelho, eu disse: ‘Eu sou artista’. Na época, nem sabia o que faria com isso , e até sentia vergonha da frase. Com o tempo, as coisas foram se revelando, e fui reconhecendo a alegria de criar.” Desde então, a arte tornou-se essencial em sua vida. “Sinto que é um chamado da alma. Ela me trouxe autoestima, propósito, coragem e vontade de viver”, revela a artista.
Mesmo atuando profissionalmente com arte, ela continua a usá-la como ferramenta de autorregulação emocional. “Nos momentos de produção artística, me sinto mais presente, no aqui e agora, o que me ajuda muito com a ansiedade. Meu humor melhora, minha mente se aquieta. A arte me ajuda a atravessar desafios com mais leveza e determinação.”
Inspirada pelas transformações que viveu, Sarah passou a compartilhar sua experiência com outras pessoas por meio de vivências artísticas voltadas ao autoconhecimento e ao cuidado emocional. “Quando alguém se permite pintar, desenhar, modelar ou apenas brincar com as cores, algo se abre. É como acessar um território íntimo. Durante as vivências algumas pessoas se sentem à vontade em compartilhar e eu percebo que é um momento de troca muito rico, onde podemos nos acolher, ressignificar dores e até mesmo encontrar respostas que estavam silenciadas. A vivência não se trata de fazer algo bonito, mas de criar um espaço interno onde é possível simplesmente ser”, afirma.
Sobre a artista Sarah Torres
Sarah Torres é artista visual, facilitadora de vivências artísticas e pesquisadora do uso da arte como ferramenta de autoconhecimento e cuidado emocional. Atua com aquarela, pintura mural em projetos autorais e oficinas coletivas. Desde 2011, está em jornada de autodescoberta e integra essa vivência pessoal ao seu trabalho, promovendo experiências sensíveis que estimulam o acolhimento, a expressão e a reconexão com o sentir.
SERVIÇO:
Dia e horário: 12/07 às 15h às 18h
Local: Casa da Floresta | Rua: Silva Ortiz, 78 – Floresta
Ingressos: WhatsApp da Sajuli.Art