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Concerto Pelas Bandas do Paraopeba em Brumadinho

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No dia 8 de novembro, sábado, a partir das 11 horas, o Auditório da Prefeitura de Brumadinho será tomado por uma das manifestações mais importantes da região: as bandas de música. Com formações longevas e talentos que atravessam gerações, elas marcam, em tom de festa, a abertura da segunda edição do Anagama – Arte, Inclusão e Sustentabilidade. Concerto Pelas Bandas do Paraopeba conta com a Corporação Musical Santa Efigênia, Banda São José, Corporação Musical Santo Antônio de Suzana – Lira Suzanense, Corporação Musical Nossa Senhora da Conceição e Corporação Musical Banda São Sebastião.

A iniciativa da ONG Contato conta com o apoio de associações, entidades e coletivos de artistas e ativistas sociais na cidade de Brumadinho. Desde a primeira edição, seis territórios foram assistidos que, inclusive, englobam quatro regiões quilombolas. O local, fortemente impactado pelo rompimento da barragem da Vale em janeiro de 2019, é uma referência em artesanato, cultura, turismo, gastronomia e sustentabilidade no Estado.

Depois de uma pesquisa sobre hábitos culturais na região, a Contato identificou a enorme conexão dos moradores de Brumadinho com a música, em especial, as bandas (há, inclusive, centenárias). Por isso, as primeiras atividades desta segunda edição começaram com notas e acordes. “A ideia é resgatar a história dessas bandas, trazer um pouco a questão da resistência cultural delas, valorizando a tradição musical dessas famílias (que passam os ensinamentos para novas gerações). Você tem desde a banda Lira Suzanense, que tem mais de 100 anos;  e a Banda São José de Melo Franco, que tem 15 anos. Isso é uma chama musical de resistência que está acesa e vai continuar”, explica o coordenador de Mobilização e Articulação do Anagama, Vítor Santana.

“A intenção é potencializar aquilo que já é uma força na comunidade, a exemplo do que fizemos na primeira edição, com a cerâmica. O que a gente faz nesses contatos para desenhar os nossos projetos é criar inovações em cima daquilo que já acontece. Se a gente tem um parceiro que desenvolve um trabalho, a gente não chega lá propondo outra coisa. Ele tem que olhar para esse trabalho, identificar o potencial. A partir disso, nós vamos ver de que forma contribuir. É uma proposta, uma troca”, conta o coordenador-geral do Anagama, Carlos Nagib, revelando a dinâmica participativa do Anagama.

Da primeira edição saiu um coletivo de ceramistas, por exemplo, e a segunda tem tudo para seguir no propósito formativo que transforma. “A gente vai continuar empoderando esse grupo, vai trabalhar com eles porque é uma construção coletiva. No caso das bandas, sabemos que instrumentos de sopro são caros, de manutenção complexa. Mas a abordagem das oficinas passa até pelo cuidado com o instrumento e existe essa motivação de aprender com grandes musicistas e manter viva a tradição”, completa Nagib.

Como foram as primeiras oficinas

 Pelas Bandas do Paraopeba

Nos dias 4, 5 e 18 de outubro o Anagama – Arte, Inclusão e Sustentabilidade – promoveu com a série de oficinas Pelas Bandas do Paraopeba. Este encontro com grandes mestres e musicistas das bandas da região provou que uma das manifestações culturais mais populares da região segue inspirando.

Conduziram a oficina: Aldo Bibiano, tubista, professor universitário e mestre em música. Atua como tuba solo, na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais; Joanir Oliveira, fundador e coordenador-geral do projeto Música de Sarzedo, maestro da Banda Municipal Sarzedense, ele guiou os participantes na modalidade Regência e Prática de Bandas; Mestre João Paulo Santos Corrêa, trompetista, professor e pesquisador musical, mostrou a potência do naipe; já no trombone,  o projeto contou com o talento de Doutor Jonatha Maximiano, que é professor e integra o coletivo Babadan Banda de Rua. Mestre Edvaldo de Oliveira veio com o clarinete e a experiência de dar aulas para público infantojuvenil. Mestre Sandra Alves, primeira flauta na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, é especialista em educação musical; Mestre César Baracho é professor e saxofonista e, completou o time, Jonas Henrique, na percussão, que atua como professor e chefe de naipe de percussão no projeto Música de Sarzedo.

As expectativas foram acima das esperadas. Tivemos até que fazer readequação de espaços por causa da alta procura. As famílias dos alunos prestigiaram, participaram e assistiram as atividades. Na terceira oficina foram cerca de 100 pessoas. As crianças e jovens me encontram e agradecem, perguntam quando vamos ter mais. O coração fica cheio e feliz”, conta Bibiano, que assina a direção artística do projeto, e é uma das presenças da oficina Pelas Bandas do Paraopeba.

Cozinha Ancestral

Nos dias 10 e 11 de outubro, Joseane Jorge e Mestra Rosentina conduziram a oficina Cozinha Ancestral, onde os participantes puderam conhecer receitas e técnicas para preparar delícias tradicionais da quitanda mineira, como bolos, roscas, biscoitos, pães, etc.

Criando Imagens Ṕossíveis

Entre os dias 13 e 16 de outubro, a oficina Criando Imagens Possíveis: Fotografia e Vídeo foi conduzida por Amanda Dias e Júlia Duarte, que exploraram junto aos alunos novas formas de olhar, registrar e contar histórias.

O que vem por aí

 Anote na agenda: o Anagama terá uma segunda rodada da oficina de Fotografia e Vídeo, agora em Mário Campos, nos dias  27 e 29 de outubro e também nos dias  3, 5 e 7 de novembro. Também em Mário Campos será aberta a Oficina de Adornos Cerâmicos, no dia  29 de outubro, das  17h às 21h, com a artista Raísa Paco. E, ainda, a oficina Pão Artesanal: farinha, água e sal, nos dias 4 e 5 de novembro, no Córrego do Feijão, em Brumadinho. Todas as atividades são gratuitas, mas com inscrição prévia. Formulários estão no perfil do Anagama no Instagram: @projetoanagama.

O Anagama – Arte, Inclusão e Sustentabilidade

 O projeto começou a ser desenhado pela ONG Contato, referência em formação artística para jovens há 23 anos em Minas Gerais, logo após o crime ambiental que atingiu em cheio Brumadinho e região.  Foi aprovado pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo, composto pela AVABRUM – Associação dos familiares de vítimas e atingidos pelo rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho – Minas Gerais e Tribunal Regional do Trabalho -3a região.

A primeira edição, em 2023, foi lançada nos distritos de Suzana e Piedade do Paraopeba, no mês de maio. As atividades contemplaram Casa Branca, São José do Paraopeba, Quilombo dos Rodrigues, e na sede do município de Brumadinho. Com a cerâmica e o artesanato como fios-condutores das interações com a população, as  oficinas de formação e capacitação artística abrangeram diversos segmentos, além da criação de núcleos comunitários de ceramistas visando a geração de renda para as populações atingidas pela tragédia nestas localidades. Mais de 350 pessoas foram diretamente contempladas com o Anagama.

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