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Casos de acidentes com escorpiões mais que dobram em 10 anos no Brasil

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Especialista da Afya Contagem alerta para os riscos em grupos vulneráveis e reforça que prevenção eficaz depende de controle ambiental e medidas físicas.

O mês de agosto, devido ao clima mais seco e frio, é marcado pelo aumento dos acidentes com escorpiões. O período favorece o ciclo reprodutivo da espécie e a aproximação desses animais de áreas urbanas em busca de abrigo.

Segundo um estudo divulgado este ano na revista Frontiers in Public Health, o número de acidentes com escorpiões no Brasil cresceu mais de 150% na última década. De acordo com os dados, no ano passado o Brasil registrou mais de 180 casos relacionados ao animal peçonhento e 133 mortes foram confirmadas.

O estado de Minas Gerais se destaca negativamente, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado ano passado, obtendo em 2023 um total de 38.946 notificações, o que corresponde a 19,21% do total nacional. O estado também apresentou o maior coeficiente de incidência do país: 182,13 acidentes por 100 mil habitantes. A gravidade do cenário se reflete nos óbitos: das 131 mortes registradas, 67 ocorreram no estado, o que representa 51,14% do total nacional.

A coordenadora médica da Afya Contagem, Dra Cinthya Miura, informa que os sinais e sintomas após uma picada de escorpião podem variar bastante, dependendo principalmente da espécie do escorpião envolvido, da quantidade de veneno inoculado e da sensibilidade individual da pessoa. “Nos casos mais leves, os sintomas são locais, como dor intensa, inchaço, vermelhidão e formigamento na área da picada. Já nas formas graves, o veneno pode causar sintomas sistêmicos, como náuseas, vômitos, sudorese, salivação excessiva, agitação ou sonolência, além de possíveis alterações cardíacas e convulsões.”

Embora os acidentes afetem homens e mulheres em proporções semelhantes (50,13% em mulheres e 49,85% em homens), as crianças de até 9 anos são as mais vulneráveis a desfechos graves. Essa faixa etária concentrou 33,59% dos óbitos, e o risco de morte é 5,89 vezes maior em comparação com adultos entre 40 e 49 anos.

“Crianças, idosos e pessoas com alergias graves ou doenças crônicas fazem parte dos grupos de maior risco e podem apresentar reações mais graves à picada de escorpião. Em caso de acidente é importante, se possível e com segurança, capturar o escorpião para levá-lo ao atendimento médico, pois isso ajuda na identificação da espécie e contribui para a avaliação adequada dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente”, reforça a médica.

Estratégias de prevenção

A especialista da Afya Contagem destaca que, em termos de prevenção, o uso de repelentes ou venenos não é a medida mais eficaz, já que esses produtos têm eficácia limitada contra escorpiões. As estratégias mais recomendadas envolvem o controle ambiental e a adoção de barreiras físicas, uma vez que esses animais peçonhentos costumam se esconder em locais com acúmulo de entulho, lixo doméstico, mato alto e áreas mal conservadas. “É fundamental manter quintais limpos, jardins bem cuidados e evitar o acúmulo de materiais que possam servir de abrigo. Também é importante instalar telas de proteção em portas, janelas e ralos, especialmente em regiões com maior incidência desses animais.”

Dentro de casa, a médica orienta que calçados, roupas e toalhas sejam sempre inspecionados antes do uso, especialmente se estiverem guardados por longos períodos. Além disso, o lixo doméstico deve ser armazenado corretamente e descartado com regularidade para evitar atrair insetos que servem de alimento para os escorpiões.

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