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sáb, 15 novembro 25

Ela largou a faculdade para cuidar da mãe e hoje lidera uma rede

A demanda por cuidadores pessoais tem aumentado no Brasil, ao passo em que muitos familiares se deparam com o dilema entre a sobrecarga do cuidado de um parente e suas vidas profissionais. Foi assim que Silvana Costa, atual empreendedora da rede Cuidare com a sua unidade em Belo Horizonte (MG), a Cuidare Horizonte, se viu diante de uma situação delicada: tinha apenas 20 anos e cursava a faculdade de Medicina quando a mãe sofreu um AVC hemorrágico e, assim, ficou no estado vegetativo e precisou de cuidados domésticos.

Silvana, então, abandonou os estudos para ajudar nas necessidades de sua mãe após a internação. Durante 3 anos, vivia apenas como cuidadora, longe do mercado de trabalho e da vida acadêmica, até que conseguiu o auxílio de uma cuidadora para intercalar as tarefas de cuidados com a Mãe.

“Estudava administração à noite e passava as manhãs ajudando em casa. Depois, consegui meu primeiro emprego como bancária, mas ainda assim continuava intercalando com o trabalho de cuidadora. Foi um período de muito esforço e dedicação, em que precisei conciliar estudo, trabalho e responsabilidades familiares. Essa rotina não foi fácil, mas me trouxe disciplina e força para seguir em frente”, relatou Silvana.

No mercado de trabalho, Silvana passou por diversas áreas como gestora de vendas até chegar na indústria farmacêutica. Mais de quinze anos haviam se passado, sua mãe havia falecido e seu pai acabara de ser diagnosticado com câncer de pâncreas – pouco tempo após cancelar o plano de saúde em virtude da pandemia. Se deparou mais uma vez com o cuidado sob demanda e se afastou do trabalho.

Durante o período em que acompanhou seu pai no hospital público, notou uma alta demanda de cuidadores nos ambientes de internação. As equipes médicas tinham plantões sobrecarregados e, por vezes, a própria Silvana se disponibilizou para ajudar os pacientes da ala em que o pai estava internado.

Com um novo olhar sobre o cuidado e a saúde, veio a ideia de empreender também nesse ramo: “Nesse momento que eu vi essa necessidade de tantas pessoas ali, não só o do meu pai, estavam precisando de cuidador, eu falei ‘gente por que não voltar pra área da saúde?’ Aí eu comecei a pesquisar sobre a área, ver as necessidades, conversar mais e ajudar as pessoas.”

Assim surgiu, em agosto de 2025, a Cuidare Horizonte, mais uma unidade da rede Cuidare na capital mineira, juntamente com sua sócia, Dra. Cynthia Costa, médica, que também passou por histórias parecidas e desafios, aos cuidados dos pais. Os serviços oferecidos abrangem todos os tipos de assistidos que precisam de cuidados personalizados: puérperas e recém-nascidos, crianças, adultos e idosos. Os plantões de atendimento podem ser solicitados de forma avulsa ou mensal.

Silvana, destaca que uma rede de cuidadores qualificados vai muito além da técnica: envolve acolher histórias, fragilidades e sentimentos de todos os envolvidos. Para ela, é impossível separar o cuidado do paciente do amparo à família, já que ambos caminham juntos nesse processo. “Não olhamos apenas para quem precisa do cuidado direto, mas também para a família, pois muitas vezes carregam o peso emocional dessa jornada. Acreditamos que, quando a família também é acolhida, o cuidado se torna mais leve, humano e transformador”, conclui.

Cuidadores amadores x profissionais

Na medida que a população de idosos cresce no Brasil – estima-se que até 2070 os idosos representarão 38% da população, aponta o Censo 2022 – a procura por cuidadores também aumenta. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), entre os anos de 2012 e 2022, o país teve um aumento de 547% no número de cuidadores de idosos.

Procurar um cuidado especializado é uma boa opção para evitar a sobrecarga e exaustão no ambiente familiar e ainda proporcionar maior conforto para a pessoa sob cuidados. Cuidadores profissionais possuem experiências prévias e treinamento formal em diversas áreas da saúde, podendo administrar medicamentos e primeiros socorros em casos emergenciais do dia-a-dia.

A regulamentação da profissão cuidador está em curso como o Projeto de Lei (PL) 5.178/2020, aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em 2024 e segue agora para avaliação na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Esta Política Nacional de Cuidados será fundamental para garantir os direitos profissionais do cuidado e tornar mais acessível a especialização de cuidadores.

Cenario Minas
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