Início Belo Horizonte Bloco Oficina Tambolelê celebra 25 anos de história

Bloco Oficina Tambolelê celebra 25 anos de história

0

Apresentação no dia 23/11 acontece no Teatro Raul Belém Machado e será marcada pelos ritmos originais da cultura afro, desenvolvidos ao longo dos anos pelo grupo criado por Sérgio Pererê e por sua irmã Luci Pereira; entrada é gratuita

Em 1995, no marco de 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares, artistas inquietos de Belo Horizonte perceberam que a arte afro-brasileira tinha representantes pelo Brasil, mas ainda poucos em Belo Horizonte. O Grupo Tambolelê, formado por Sérgio Pererê, Santone Lobato e Geovanne Sassá, surgiu para se apresentar no Festival de Arte Negra (FAN) daquele ano, como expoente da música afro-mineira. Mais de duas décadas depois, o Bloco Oficina Tambolelê, um desdobramento desse movimento pioneiro, é uma das principais expressões da música afro de Minas Gerais, cada vez mais viva.

Para celebrar os 25 anos do Tambolelê, o Bloco apresenta o show de lançamento do álbum “Sérgio Pererê e Bloco Oficina Tambolelê Ao vivo”, idealizado pelo multiartista e um dos criadores do grupo, Sérgio Pererê, e viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. A apresentação acontece no Teatro Raul Belém Machado, no dia 23/11 (sábado), a partir das 20h, marcada pelos ritmos originais da cultura afro desenvolvidos pelo grupo ao longo dos anos, junto a guitarras, teclados e sintetizadores. A entrada é gratuita, mediante a retirada antecipada de ingressos no Sympla.

Ouça aqui o álbum “Sérgio Pererê e Bloco Oficina Tambolelê”

O Bloco Oficina Tambolelê é resultado da agitação cultural promovida por Sérgio Pererê e sua irmã, Luci Pereira, desde a adolescência, como alternativa artística para o bairro Novo Glória, um lugar na região Noroeste de Belo Horizonte carente em políticas públicas. Ainda no início dos anos 1990, eles criaram o Grupo Africania para introduzir crianças do bairro aos ritmos e danças afro-brasileiras. Depois, em 1999, com a repercussão do Grupo Tambolelê, passaram a ensinar a tradição dos tambores para a juventude do bairro, sendo convidados para a primeira retomada do Carnaval de BH, no ano 2000.

“O Bloco Oficina Tambolelê vem do mesmo sonho (do Grupo Africania) de pensar a arte de modo coletivo, de ter a arte enquanto instrumento de educação. O impacto que o bloco traz para o bairro Novo Glória é o de inverter a polaridade do olhar da sociedade sobre um bairro da periferia. O destaque do bairro passa a ser a arte e a criatividade — e não a pobreza ou a violência”, diz Pererê. “Eu nasci e cresci no Novo Glória. É uma região que não tinha nada, não tinha água, não tinha luz. Essa ausência de tudo motivava a gente a ser mais coletivo, a se ajudar e a se unir. O Tambolelê nasce nesse contexto de criar cultura em um lugar que construiu tudo o que tem a partir do nada”, diz Luci, coordenadora do Bloco Oficina Tambolelê.

Disco

Após 25 anos, o primeiro disco do Bloco Oficina Tambolelê é uma forma de renovar e salvaguardar a memória da arte afro-mineira, ao mesmo tempo em que divulga a evolução das pesquisas sobre a sonoridade de tambores influenciados pelos Reinados de Minas e por outras vertentes rítmicas afro-brasileiras. Em sua trajetória, o Tambolelê ficou conhecido por confeccionar seus instrumentos, e por inventar ritmos a partir do estudo de sonoridades oriundas da África, sempre antenado aos diálogos com a música do resto do mundo.

Por isso, as 11 faixas do álbum, incluindo duas releituras, “Galope” (Gonzaguinha) e “Sobradinho” (Sá e Guarabyra), são centradas nos ritmos originais do Tambolelê, mas também conversam com instrumentos como teclado, synths e guitarras. Daí surgem criações originais como “Techno”, que remonta a batida eletrônica das baladas a partir de um arranjo de tambores, alicerçados por guitarras distorcidas. Ou “Marcha Nova”, um rap eloquente de Imane Ranne, embalado por mais solos de guitarra e por uma potente percussão.

“O mais importante do repertório são os ritmos, criados e inspirados nos ritmos afro-mineiros, no congo, na marcha grave, no congo dobrado, no moçambique serra baixo, na marujada. Mas, no show, teremos a presença de músicos que não são da percussão e isso traz uma roupagem bem contemporânea, assim como no disco”, diz Pererê.

Show

Praticamente todos os músicos que compõem o álbum foram alunos do Bloco Oficina Tambolelê ou têm relações com o bairro Novo Glória e com a efervescência cultural das oficinas. A direção musical do disco e do show é assinada por Acauã Ranne, sobrinho de Pererê e filho de Santone Lobato. Ranne cresceu em meio aos ensaios e, hoje, sendo um badalado percussionista e produtor musical no país e no exterior, é também o regente do bloco.

Além dele, o percussionista Daniel Guedes é outra cria formada no Tambolelê, e que interpreta as caixas percussivas do disco, ao lado do músico Wesley Moura, também ex-aluno da oficina. Considerado um dos principais percussionistas de Minas, Guedes foi vencedor do Prêmio Jovem Instrumentista do BDMG (2011) e tocou com nomes como Marcus Viana e Toninho Horta, além de participar de festivais na Europa, Ásia e América Latina. “A ideia foi fazer essa gravação trazendo pessoas que fizeram parte do bloco na infância até hoje. É uma celebração do encontro, da amizade, da arte”, avalia Pererê.

O álbum ainda conta com participações do mestre Maurício Tizumba, parceiro do Tambolelê e fundador do Tambor Mineiro, outra referência da música afro-brasileira; e de músicos de vertentes contemporâneas, como o guitarrista Égler Bruno e o tecladista Lucas de Moro, que ajudam a inserir viagens melódicas sobre a beleza das percussões. O disco também tem a presença dos tamborins de Amine Ranne, Nayara Cendon e Mayí; os surdos de Fernando Constantino, Rafael Vitor e Izabela Lopes; os repiques de Imane Ranne e Pablo Mateus; e os surdinhos de Jussara Ferreira, Natália Cendon e Galha Seca.

O álbum “Sérgio Pererê e Bloco Oficina Tambolelê Ao vivo” foi gravado no Teatro do Minas Tênis Clube, em agosto de 2021, com captação, mixagem e masterização de André Cabelo (Estúdio Engenho). À época, foi realizado um show sem plateia, devido às restrições sanitárias da pandemia da covid-19. Por isso, essa é a primeira vez que o disco será apresentado ao vivo para o público, no Teatro Raul Belém Machado, que também é simbólico para o Tambolelê.

“Na pandemia, fizemos a gravação em um teatro fechado, sem público, o que é algo raríssimo. Agora, vai ser muito interessante porque vamos fazer esse show no Teatro Raul Belém Machado, que é um teatro no Alípio de Melo, próximo ao Novo Glória, o bairro onde surge o Bloco Oficina Tambolelê. Vai ser maravilhoso”, avalia Pererê.

FICHA TÉCNICA

1 – Marcha nova (Imane Rane e Sérgio Pererê) – part. Imane Rane

2 – Sequência 1

3 – Chegada Tizumba – part. Mauricio Tizumba

4 – Costura da vida (Sérgio Pererê) – part. Mauricio Tizumba

5 – Aroeira (Sérgio Pererê)

6 – Sobradinho (Sá e Guarabyra)

7 – Galope (Gonzaguinha)

8 – Gritam me (Mayí) – part. Mayí

9 – Techno

10 – Moçambique serra-acima

11 – Levada

Regência: Acauã Ranne

Guitarra: Égler Bruno

Teclado e synth: Lucas de Moro

Tamborins: Amine Rane, Nayara Cendon e Mayí

Surdinhos: Galha Seca, Jussara Ferreira e Natália Cendon

Surdos: Fernando Constantino, Rafael Vitor e Izabela Lopes

Caixas: Wesley Moura e Daniel Guedes

Repinique: Imane Rane e Pablo Mateus

Gravado ao vivo, em agosto de 2021, no Teatro do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte-MG

Captação, mixagem e masterização: André Cabelo (Estúdio Engenho)

Foto: Tamas Bodolay

Design: Mariana Misk (OESTE)

Produção: Elias Gibran (Napele Produções Artísticas)

Este álbum foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte / Edital Descentra

SERVIÇO | Show do disco “Sérgio Pererê e Bloco Oficina Tambolelê”

Quando. 23/11 (sábado), às 20h

Onde. Teatro Raul Belém Machado (R. Jauá, 80 – Alípio de Melo)

Quanto. Entrada gratuita, mediante retirada de ingressos no Sympla.

Sérgio Pererê nas redes

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile