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ter, 09 dezembro 25

I Exposição Arte e Inclusão entra na reta final no CAT de Liberdade e destaca produção de artistas PcDs da Serra da Mantiqueira

Mostra segue aberta até 16 de dezembro e reúne obras produzidas no Ateliê Arte Lavrinha, em parceria com as APAEs de Liberdade e Bocaina de Minas

O Centro de Atendimento ao Turista (CAT) de Liberdade (MG) encerra, no dia 16 de dezembro, a I Exposição Arte e Inclusão, que vem atraindo moradores e visitantes interessados na produção artística de pessoas com deficiência da Serra da Mantiqueira. A mostra reúne trabalhos desenvolvidos no Ateliê Arte Lavrinha — sediado em Bocaina de Minas e realizado em parceria com as APAEs de Liberdade e Bocaina — apresentando ao público obras individuais e coletivas em pintura, desenho, escultura e papietagem.

No espaço, o público pode conhecer parte do universo dos artistas Francisco Laurentino da Cunha (Catita), Ivanir de Carvalho Silva, Maria Aparecida da Silva (Cida), Rosineia da Silva e Luciano Amaral Capistrano. Entre os destaques estão pinturas, desenhos, recipientes de vidro pintados que interagem com a luz natural e figuras em papietagem que dialogam com a fauna, a flora e a paisagem mineira em geral.

Oficinas abertas ao público

Um dos pontos centrais da programação são as oficinas abertas ao público, realizadas sempre às sextas-feiras. Nesses encontros, os próprios artistas PcDs assumem o papel de professores e mediadores, conduzindo as propostas de criação. A última oficina da mostra acontece nesta sexta-feira (12), das 8h às 11h e das 13h às 16h, e será dedicada à prática da pintura. 

Entre as atividades que mais marcaram o público até o momento está a oficina conduzida pela artista Elizangela Vilela, que tem deficiência visual. Nessa vivência, os participantes foram convidados a realizar as propostas de criação com os olhos vendados — experiência que, segundo o artista-educador Deni Cláudio de Carvalho, ampliou a empatia e despertou o interesse em novas oficinas. “Foi uma vivência maravilhosa”, comenta.

De acordo com o educador, as oficinas têm como propósito fortalecer o protagonismo e a autonomia dos artistas, além de ampliar a compreensão do público sobre inclusão, troca de saberes e diferentes modos de aprender e ensinar. As obras produzidas pelos participantes dessas atividades também podem ser vistas na mostra.

“É importante ressaltar que quem visita a exposição é convidado a pensar sobre o direito das pessoas com deficiência à criação e ao reconhecimento. Todo mundo é capaz de produzir; todo mundo tem um potencial. Nosso trabalho no Ateliê [em Lavrinha] é criar oportunidades e entender como apoiar cada pessoa para que ela seja autônoma”, explica Deni Claudio.

Oficinas no Ateliê Arte Lavrinha

Além das oficinas realizadas no CAT durante a exposição, o Ateliê Arte Lavrinha mantém suas atividades regulares todas as sextas-feiras, diretamente na RPPN Ave Lavrinha. Deni planeja cada encontro pela manhã, considerando as necessidades, dificuldades e habilidades individuais dos participantes. A APAE de Bocaina chega ao ateliê às 13h, seguida pela APAE de Liberdade às 14h.

Os encontros incluem um lanche coletivo preparado na própria reserva pelas tecelãs da Casa do Tear Dona Mariana — Luzia e Luciana. Entre as delícias, servidas na cozinha comunitária às 15h, estão o tradicional biscoito gordo, carro-chefe das tardes, além de tortas, bolos e outras receitas caseiras que fazem parte da rotina afetiva do grupo.

A metodologia das oficinas é inspirada, em parte, no legado de Nise da Silveira, referência no diálogo entre arte e saúde mental. Em 2016, Deni passou uma semana no Museu de Imagens do Inconsciente (RJ), estudando arquivos e processos de criação — experiência que originou iniciativas como as camisetas estampadas com obras dos artistas e o bloco de carnaval da APAE, que reúne mais de 60 participantes anualmente em Liberdade.

Mais sobre a RPPN Ave Lavrinha

O Ateliê Arte Lavrinha integra a RPPN Ave Lavrinha, unidade de conservação localizada em Bocaina de Minas, com 138 hectares de área preservada. A reserva desenvolve ações de proteção ambiental, reflorestamento, recuperação de nascentes e uma série de atividades educativas e comunitárias.

A RPPN e o ateliê são mantidos por Nietta Lindenberg do Monte, educadora com ampla trajetória na formação de professores indígenas no Acre e na formulação de políticas públicas de educação escolar indígena. Sua atuação integra cultura, sustentabilidade e justiça social, estabelecendo pontes entre arte, território e inclusão em diversas regiões do país. Na Ave Lavrinha, as ações reúnem artistas, estudantes das APAEs, mulheres da comunidade, produtores rurais e pesquisadores.

Serviço – Últimos dias da I Exposição Arte e Inclusão

Local: Ministro Barbosa Lima – CAT/Liberdade (MG)
Período: até 16 de dezembro
Horários de visitação:
• Segunda a quinta: 8h às 11h | 13h às 16h
• Sexta-feira: oficinas de arte e artesanato
• Sábado: fechado

Fotos: Divulgação

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