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Atriz e cordelista Bianca Freire estreia “3 Contos de Amor”

A peça, dirigida por Mariana Arruda, do grupo Maria Cutia, será apresentada nos dias 8 e 9 de março, às 20h30

“Um espetáculo que vem sendo construído desde que eu nasci”, é dessa forma que a atriz, palhaça e cordelista do Vale do Jequitinhonha, Bianca Freire, dá o tom de “3 Contos de Amor”, montagem que agora leva ao encontro do público. Fruto de cordéis de sua autoria, a artista costura memórias familiares, costumes, expressões regionais e brincadeiras.

Radicada em Belo Horizonte, desde 2012, a atriz resgata suas origens e o estado de brincar, trazendo para a cena três cordéis. “Meu pé de Algodão”, “É cordeiro ou cabrito?” e “Têra sanfonêra” (premiado no concurso de poesia do Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha – Festivale), são contadas por meio de rimas, audioversos, poesia e música. “O espetáculo é inspirado na minha infância no Vale (do Jequitinhonha). Um cordel é em homenagem a minha avó, outro sobre ‘mãinha’ que foi noviça e o terceiro baseado na minha família por parte de pai, e que fala de um amor impossível. Quando vim para BH, a cidade exigiu de mim uma formalidade, na qual fui entrando e perdendo um pouco dos meus laços e do meu sotaque. Então, nesse solo falo do lugar de onde eu vim, o estado de brincar e de poesia, escrevendo uma grande carta aberta”, elucida a atriz, que se diz artista do cotidiano.

Com direção de Mariana Arruda, atriz e fundadora do grupo Maria Cutia, a peça inicia com Bianca em um figurino que representa as bonecas típicas do Vale do Jequitinhonha. “Desde os primeiros contatos que tive com os textos da Bianca fiquei encantada. Dirigir uma atriz tão potente em cena, com palavras carregadas da história dela no Vale, de referências a sua família é inspirador. Sempre ressalto toda a forte referência que esse território de extrema poesia Mineira teve na fundação do Maria Cutia. Fazer teatro é viajar por outros mundos, mas sempre em encontro com os nossos mundos. E Bianca mergulha fundo nisso”, comenta a diretora.

Para ambientar o público, o cenário possui elementos produzidos pelas artesãs, Lourdes Freire, que é mãe da atriz, e Vitória Cavalieri. O figurino, assinado por Luiz Dias, com assistência do Núcleo de Pesquisa do Galpão Cine Horto, também ajuda a contar esse cordel. Além de uma música autoral composta por Bianca Freire, Mariana Arruda e Hugo da Silva, que está à frente da trilha sonora. “Vamos usar audioversos com gravações das minhas tias nas brincadeiras de verso. Quero que minha voz seja ecoada por aquelas que me deram voz. Dessas mulheres e pessoas do Vale que me ajudaram a encontrar um caminho. Cada história eu conto sentada em um tapete de crochê que ‘mãinha’ fez. Ela sempre enfeitando o caminho para eu pisar”, acrescenta Bianca.

Filha de professora, na infância a atriz lia livros tendo ao lado um caderninho e um dicionário, para anotar as palavras ainda desconhecidas. “Eu adorava descobrir novas palavras. E depois fazia poema com elas para fixar na memória. Então a escrita está na minha vida desce cedo. E na peça trago expressões da minha região como ciligristida, mas que no contexto as pessoas vão entender o significado”, garante.

Outro ponto importante do espetáculo é ressaltar a riqueza do Vale do Jequitinhonha que vem sendo ameaçado pela extração de lítio. “É uma região de arte e cultura que foi muito injustiçada sendo chamada de ‘Vale da fome e da miséria’, e agora do lítio. O Vale que eu conheço é o da arte, da beleza e da simplicidade. Ser simples é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Chegar ao centro das coisas e ser genuíno. Quero levar para cena esse Vale que quer ser defendido e preservado”, afirma.

A atriz acredita na potência dos encontros e na identificação do público com a obra. “Eu estou trazendo minha memória, e o público a bagagem dele. Juntos vamos inaugurar um tempo novo. Misturar as memórias. Por isso eu amo o teatro, porque não se brinca sozinho. Estou indo para o jogo sabendo que o público é meu cúmplice, para que entre nessa fantasia comigo”, finaliza Bianca.

Sinopse

Três cordéis autorais da atriz e cordelista do Vale do Jequitinhonha Bianca Freire que tem o amor em sua faceta mais ingênua como mote da história: uma menina e a memória eternizada de sua avó; uma jovem noviça que se apaixona por um sanfoneiro; e o romance transgressor entre uma ovelha e um bode.

Sobre a autora

Bianca Freire é atriz, palhaça e cordelista. Cresceu em Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha, onde mora sua inspiração artística para esse espetáculo. Formou-se em teatro pelo TU em 2021, onde dedicou-se à pesquisa de máscaras expressivas sob orientação do diretor Fernando Linares durante e após sua formação. Estudou Ciências Sociais, Letras e largou tudo para ser palhaça. Desde 2022 estuda palhaçaria com o Grupo Maria Cutia. Está em cena no espetáculo “Gold” da Cia Tuk Tuk e foi premiada no concurso de poesia do Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (Festivale) em 2022. Seu cordel “Têra Sanfonêra” foi publicado no livro Antologia Poética – 25ª Noite Literária e está em cena no solo “3 Contos de Amor”.

SERVIÇO

Solo “3 Contos de Amor”, de Bianca Freire. Direção Mariana Arruda

Data: 8 e 9 de março

Horário: 20h30

Local: Sesc Palladium – Teatro de bolso (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro)

Valor: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)

*Ingressos: Na bilheteria do teatro ou pelo Sympla

Duração: 60 min

*Na compra pelo site pode haver acréscimo de taxa de serviço

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